Em 1994, o Secretário de Saúde do Estado de São Paulo criou a Comissão para Normas de Proteção Radiológica por meio da Resolução SS-364, publicada em 10 de junho daquele ano. A comissão tinha a tarefa de estudar e propor a implementação de normas de proteção radiológica para estabelecimentos de saúde que utilizam radiações ionizantes. Esta iniciativa visava garantir a segurança tanto dos pacientes, quanto dos profissionais que trabalham com essas tecnologias.
A comissão foi estabelecida em resposta a uma preocupação crescente com a proteção radiológica e incluía representantes de diversas entidades, como a Sociedade Paulista de Radiologia. O objetivo era assegurar que as práticas radiológicas no estado estivessem em conformidade com as normas nacionais e internacionais.
O Secretário de Saúde enfatizou que essa constituição era um passo essencial para atualizar e adaptar as normas de proteção radiológica existentes, visando o emprego de novas tecnologias e técnicas radiológicas. A comissão deveria se alinhar a várias resoluções e normas federais, como o Decreto 1677/79, a Portaria 11/78, e as resoluções do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
A resolução mencionava a necessidade de harmonizar as normas estaduais com as federais e as melhores práticas internacionais. A comissão tinha a responsabilidade de consultar especialistas de diversas áreas e setores, incluindo universidades e associações profissionais, para desenvolver um conjunto abrangente de normas de proteção radiológica.
Medicina Nuclear “ressuscita” partes do coração
Durante a JPR de 1994, foi apresentada uma técnica de Medicina Nuclear desenvolvida pelo Dr. Vasken Dilzian, dos Estados Unidos, que permitia “ressuscitar” partes do coração consideradas mortas após um enfarte.
O método, conhecido como viabilidade miocárdica, mostrava que algumas células do coração aparentemente mortas estavam apenas “dormindo” e podiam ser reativadas por meio de cirurgia ou angioplastia. A técnica utilizava a observação do movimento e metabolismo cardíaco através de Medicina Nuclear, algo que não era possível com métodos convencionais.
Dr. Vasken explicou que o diagnóstico tradicionalmente feito pela observação do movimento não era infalível, pois o movimento na região afetada indicava vida, mas a ausência de movimento não significava necessariamente morte. Ele destacou que o contraste com tálio era o melhor método para diagnosticar a viabilidade miocárdica, pois ele se distribuía pelo sangue e se fixava nas células, indicando vida.
Pesquisas do médico mostraram que o teste de tálio detectava com precisão cerca de 85% das regiões viáveis e 85% das inviáveis. Em estudos realizados, a técnica conseguiu uma taxa de recuperação das regiões viáveis de 80% a 87%, e quando o resultado era negativo, a precisão era de 100%.
Dr. Vasken também alertou sobre a necessidade de adotar o tálio ao invés do 99M Sestamibi, comum no Brasil, pois era mais eficaz em identificar células viáveis para tratamento. Essa inovação trouxe uma abordagem mais eficaz para o tratamento de pacientes com enfarte, oferecendo uma perspectiva mais precisa para a recuperação e o tratamento adequado das regiões afetadas do coração.
INCOR adquire aparelhos de ressonância magnética
Em abril de 1994, o Instituto do Coração (INCOR) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo colocou em operação dois aparelhos de ressonância magnética. Estes equipamentos foram adquiridos da empresa Philips, da Holanda, com um investimento de cerca de 5 milhões de dólares.
A aquisição contou com a participação de empresários brasileiros que financiaram os recursos necessários para o pagamento da primeira parcela, numa ação coordenada pela Fundação Zerbini. Este foi um marco, pois foi a primeira vez que o setor privado contribuiu financeiramente para a compra de equipamentos para um hospital público, demonstrando a seriedade com que o INCOR desenvolvia suas atividades.
Além disso, a verba doada pelos empresários permitiu a construção de uma área de 700 metros quadrados integrada aos ambulatórios do INCOR, projetada para abrigar estes novos aparelhos e outros equipamentos de alta tecnologia. O projeto arquitetônico foi desenvolvido ao longo de seis meses pelo próprio INCOR e pelo arquiteto João Niemeyer. A estrutura original previa dois pavimentos, mas foi ampliada para três, totalizando 111 metros quadrados. As fundações foram reforçadas para suportar a nova construção.
Segundo o Dr. Giovanni Cerri, então diretor da Divisão de Diagnóstico por Imagem do INCOR, estes novos equipamentos permitiram um atendimento de 30 a 40 pacientes por dia, com uma precisão e qualidade muito superiores, devido à tecnologia avançada disponível no setor.