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Healthtechs e deep techs: revolucionando o setor da saúde

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A evolução tecnológica está redefinindo continuamente o cenário da saúde. Com o avanço das healthtechs, temos testemunhado uma transformação inédita na qualidade da assistência e da gestão de saúde, proporcionando soluções mais eficazes e centradas no paciente.

Ao mesmo tempo, no horizonte, desponta outra categoria de startups, conhecidas como “deep techs”, que buscam revolucionar setores através de avanços científicos e inovações tecnológicas profundas.

Neste texto, exploraremos o universo das healthtechs, a estrutura de investimento subjacente e a emergente arena das deep techs, que prometem transformações sem precedentes para o futuro da saúde.

 

Healthtechs

Healtechs são empresas que utilizam tecnologias inovadores para melhorar os processos do setor da saúde, melhorar a qualidade da assistência, otimizar a experiência do paciente ou introduzir tratamentos mais eficazes. Nesse sentido, as principais áreas de atuação das startups brasileiras (Distrito, 2023):

  • Gestão e PEP: 28.44%
  • Acesso à Saúde: 12.46%
  • Telemedicina: 96%
  • Medical Devices: 6.53%
  • Diagnóstico: 6.53%
  • AI & Big Data: 6.53%
  • Fitness & Bem-Estar: 6.23%
  • Engajamento do Paciente: 5.73%
  • Farmacêutica: 5.03%
  • Redes de Clínicas: 3.72%
  • P&D: 3.02%
  • Próteses e órteses: 11%
  • Infraestrutura: 0.9%
  • Cannabis: 0.8%.

Qual a diferença de uma empresa tradicional para uma healthtech? As healthtechs são empresas que geralmente propõe um produto inovador e buscam atuar com processos mais criativos, em vez da rigidez e da burocracia vistas em empresas tradicionais. O foco não está na segurança financeira, mas no valor gerado aos clientes.

Por isso, as healthtechs geralmente crescem a partir de investimentos de risco, como (Teare, 2023):

  • Série A — quando um startup já testou o conceito e mostrou que tem mercado para ele, ela pode participar de rodadas de financiamento de série. O principal objetivo dessas rodadas é levantar fundos para que a empresa otimize seu modelo de negócios e atinja um mercado maior. Nos EUA, a mediana de investimentos captados em uma série A é de 12 milhões de dólares;
  • Série B — quando o produto já tem um crescimento sustentado por algum tempo, as empresas podem arriscar se apresentar em rodadas com investidores mais profissionais (e, portanto, mais exigentes). Isso ajuda a empresa a escalar e enfrentar concorrentes consolidados no mercado. Nos EUA, a mediana de investimentos captados em uma série B é de 28 milhões de dólares;
  • Séries C — são as rodadas de investimento em que há maior possibilidade de captação de Geralmente, são promovidas por grandes fundos de capital de risco, empresas tradicionais, fundos de pensão e bancos de investimento. Isso torna a avaliação dos investidores muito mais rigorosas, sendo necessário que o modelo de negócio já esteja maduro. os EUA, a mediana de investimentos captados em uma série B é de 42 milhões de dólares =.

Nos últimos anos, contudo, temos visto o surgimento de um novo tipo de startups tanto no setor tecnológico quanto na área da sáude: as deep techs. Por isso, é preciso questionar: será que o cenário futuro será parecido com o atual?

 

Deep techs

Deep techs são startups que buscam uma disrupção mais profunda do mercado atual. Para isso, eles objetivam desenvolver novas tecnologias a partir de descobertas científicas mais recentes, cuja aplicação prática geralmente não foi testada.

Um exemplo bastante interessante são as startups que atuam na área de computação quântica. Já se sabe que os princípios da mecânica quântica podem ser usados para gerar poder computacional. No entanto, não se sabe ainda se os algoritmos quânticos poderão ser utilizados para resolver problemas práticos, como na criptografia e na otimização farmacêutica (Waters, 2023). Algumas deep techs atuam justamente nessa fronteira, buscando, por exemplo, testar os limites da computação quântica para desenvolver tecnologias comercializáveis. No entanto, quando bem sucedidas, elas transformam a sociedade (Kurima, 2023).

Como atuam com tecnologias muito inovadoras e disruptivas, as deep techs enfrentam uma concorrência muito menor. Além disso, possivelmente, concorrentes viáveis somente surgem após muitos anos do lançamento dos produtos. No entanto, essa vantagem é mitigada de certo modo, pois as deep techs:

  • atuam com altíssimos riscos;
  • necessitam de elevado aporte de capital;
  • precisam de recursos humanos realmente brilhantes e criativos.

Assim, precisam atrair investidores grandes e dispostos a correr riscos. Isso torna difícil a captação financeira. Os líderes das deep techs também precisam ser altamente motivados e verdadeiros idealistas, acreditando profundamente na solução que criam. Afinal, passarão por frustrações inevitáveis e precisarão ter uma visão de futuro bem clara para manter a resiliência.

Em outras palavras, não é uma área para quem tem apenas motivações financeiras. Nesse caso, é mais interessante atuar em investimentos e modelos de negócios mais tradicionais. Para investir em deep techs, é preciso acreditar no produto e respirar a crença de que ele terá um impacto na humanidade.

Healthtechs tradicionais Deep techs
Bases Buscam soluções incrementais ou modelos de negócios disruptivos, mas sempre vinculados a tecnologias cujos conceitos e usos já foram testados. Criam novas tecnologias a partir de conceitos que ainda são abstratos ou restritos às pesquisas científicas.
Disrupção Incremental Transformadora
Investimento variável, dependendo da série. geralmente, mesmo em estágios iniciais, necessitam de maiores do que aqueles captados em séries B ou C.
Retorno financeiro varia de acordo com a área. Em geral, é de médio prazo. No entanto, algumas healthtechs podem conseguir sucesso em poucos meses. Geralmente, é de longo prazo, pois o desenvolvimento do produto leva mais de uma década.

A jornada da inovação em saúde é permeada por desafios, desde a captação de recursos até a concretização de ideias disruptivas em soluções viáveis. No entanto, no cerne dessas iniciativas, reside uma visão compartilhada de um futuro melhor e na crença inabalável de que a ciência pode moldar um futuro melhor. As healthtechs e deep techs são testemunhos do poder transformador da tecnologia. A dinâmica de seu crescimento e evolução será crucial para determinar o panorama do progresso humano nas próximas décadas.

 

Referências

FORTES, Bárbara et al. Distrito Healthtech Report. [S. L.]: Distrito.Me, 2023.

KIRIMA, Andrew. A Deep Tech Dive into Quantum Computing. 2023. Disponível em: https://levelup.gitconnected.com/a-deep-tech-dive-into-quantum-computing-c7a9d1 0f1d23. Acesso em: 31 jul. 2023.

TEARE, Gené. These 4 Charts Show That Slowly But Surely, Startup Funding Deal Sizes  Are Shrinking. 2023. Disponível em: https://news.crunchbase.com/venture/funding-rounds-average-mean-startups-chart s/. Acesso em: 31 jul. 2023.

WATERS, Richard. Hype around quantum computing recedes over lack of practical uses. 2023.                                             Disponível em: https://www.ft.com/content/d64e45b4-692a-429e-bc64-146303ec7fdf. Acesso em: 31 jul. 2023.

Lorenzo Tome

Médico Radiologista, marido, pai, persistente. Cofundador da SD Conecta, a maior plataforma de comunidades médicas no Brasil.