A praga de Atenas ou a peste de Atenas foi uma epidemia devastadora que afetou principalmente a cidade-estado de Atenas, em 430 a.C., no segundo ano da Guerra do Peloponeso, conflito militar na Grécia Antiga, que opôs as cidades formadas pela Liga de Delos (liderada por Atenas) e pela Liga do Peloponeso (liderada por Esparta). A imponente frota ateniense dominava o mar, onde o político Péricles havia conquistado um extenso império espalhado por todas as ilhas do Egeu. Em terra, porém, predominava o controle dos espartanos, que haviam chegado à própria Atenas com um grande exército.
A estratégia militar de Péricles durante a guerra também fez com que muitas pessoas do campo entrassem na já superlotada cidade de Atenas. Os atenienses refugiaram-se com confiança atrás das muralhas, enquanto o inimigo devastava os campos da Ática. Graças ao abastecimento de cereais e às comunicações atenienses assegurados por navios de guerra, a cidade podia permitir-se permanecer sitiada durante anos e, entretanto, atacar as costas inimigas impunemente.
O que eles não contavam era que um dos navios de transporte, vindo do Egito, traria consigo uma doença mortal que devastaria a cidade e enfraqueceria o seu exército e frota durante o resto da guerra.
Acredita-se que a praga tenha chegado a Atenas através do Pireu, o porto da cidade e única fonte de alimentos e suprimentos. Os casos começaram a multiplicar-se a um ritmo alarmante: velhos e jovens foram vítimas dos sintomas imparáveis
A cidade-estado de Esparta e grande parte do Mediterrâneo Oriental também foram afetadas pela epidemia, embora em menor grau. A praga voltou duas vezes, em 429 A.C. e no inverno de 426-425 A.C.
Esta foi a primeira pandemia documentada na história. Na sua História da Guerra do Peloponeso, o historiador contemporâneo Tucídides descreve a chegada da epidemia, que começou na Etiópia, passou pelo Egito e pela Líbia e depois atingiu o mundo grego. A epidemia eclodiu na cidade populosa e Atenas perdeu, possivelmente, um terço das pessoas abrigadas atrás dos seus muros. A visão de piras funerárias em chamas fez com que o exército espartano recuasse por medo de doenças.
Ela matou grande parte da infantaria ateniense, alguns dos marinheiros mais habilidosos e seu líder, Péricles, que morreu em um dos surtos subsequentes em 429 A.C. Após a morte, Atenas foi liderada por uma sucessão de líderes fracos e incompetentes. Segundo Tucídides, até 415 A.C. a população de Atenas não conseguiu se recuperar o suficiente para se preparar para a desastrosa expedição à Sicília.
O pintor barroco flamengo Michael Sweerts (1618-1664) nasceu em Bruxelas e atuou em Roma entre 1645 e 1652. Lá se aproximou do círculo de pintores holandeses, conhecido como Bamboccianti, dedicado à representação de cenas de gênero da vida cotidiana. Em sua pintura “A Peste de Atenas”, de 1652, apresenta com maestria composicional e detalhes técnicos luxuosos um cenário social devastado pela pandemia que impactou a cidade-estado de Atenas. O erotismo e a morte estão envoltos em alusões históricas, religiosas, artísticas e arqueológicas.
Os historiadores modernos não concordam se a peste foi ou não um fator crucial na derrota ateniense na guerra. Em todo caso, acredita-se que a perda desta guerra pode ter aberto o caminho para o sucesso dos macedónios e, eventualmente, dos romanos.
Tradicionalmente, esta doença tem sido identificada com um surto de peste bubônica, mas com base no estudo dos sintomas e da progressão da doença, alguns investigadores atuais concluíram que também poderia ser devida a uma epidemia de varíola ou mesmo de tifo. Uma teoria moderna culpa a febre tifoide pela peste.