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Cardiologistas e radiologistas, uma parceria cada vez mais forte

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Em 14 de agosto, celebramos o Dia do Cardiologista e, como forma de homenagear esse profissional, trazemos a entrevista da  Dra. Gabriela Liberato, cardiologista especializada em Tomografia e Ressonância Cardiovascular e uma das coordenadoras do Encontro Nacional de Radiologia Cardíaca (ENRC). Ela fala sobre a atuação conjunta do cardiologista e radiologista  nos serviços de imagem, da importância dessa parceria e muito mais.

Confira a entrevista:

 

Como acontece a integração entre cardiologistas e radiologistas na área de Radiologia Cardiovascular?

Hoje é cada vez mais comum, a presença do cardiologista clínico, que optou pela especialização em imagem, e o radiologista trabalhando em conjunto nos hospitais, no departamento de radiologia para Tomografia e Ressonância Cardiovascular. Isso é muito positivo porque as experiências desses dois profissionais são complementares. O radiologista tem uma formação sólida em imagem, voltada a avaliar o tórax e também diagnósticos diferenciais de doença sistêmicas. Já o cardiologista especializado em imagem, traz uma bagagem de clínica médica e fisiopatologia muito interessante para agregar à interpretação dos exames.

 

Em que situações ou como são utilizadas a tomografia e a ressonância cardíaca?

O uso da tomografia cardíaca está relacionado à anatomia. É muito comum realizar este exame para avaliar a patência da artéria coronária, que é o vaso que irriga o coração. Em um paciente que sofreu infarto do miocárdio, por exemplo, a tomografia vai mostrar a anatomia do vaso, se ele fechou ou está com calibre reduzido. A ressonância magnética, por sua vez, avalia o músculo cardíaco, como o coração bate e também investiga se há inflamação ou fibrose (cicatriz). A ressonância pode mostrar como o coração de um atleta de alta performance se adaptou. E, também, o coração de um paciente hipertenso, ou de alguém que já sofreu infarto cuja imagem da ressonância mostrará a cicatriz, que chamamos de fibrose, resultante desta condição.

 

Que diferenças esses exames de imagem podem revelar entre o coração de um atleta de alta performance e de uma pessoa comum?

Esse é um bom exemplo para mostrar a importância do conhecimento clínico do paciente em momentos, tais como, elaborar os laudos desses exames. O coração de um atleta realiza naturalmente adaptações fisiológicas para suportar sua rotina de esforço físico. Ele pode ter alguma hipertrofia no músculo cardíaco, ter um coração um pouco maior, com uma frequência cardíaca mais baixa. Para um atleta, estes achados nos exames de imagem podem estar dentro da normalidade. No entanto, em uma pessoa que não pratica qualquer atividade física ou prática em menor intensidade, achados como esses podem ser sinal de patologias importantes. Portanto, ao avaliar exame, é importante saber a história clínica, se há prática de atividade física, antecedentes familiares para as cardiopatias genéticas, tratamentos oncológicos prévios, entre outros.

 

Que outros tipos de patologias, os exames de imagem ajudam a diagnosticar?

A ressonância magnética cardíaca auxilia, entre outros, no diagnóstico de cardiopatias genéticas. A imagem revela uma alteração estrutural, que pode ser aguda (como uma inflamação) ou uma fibrose no coração, por meio das técnicas de Mapas paramétricos e Realce Tardio. Nesses casos, é importante investigar a história familiar do paciente. Há casos em que ele teve um pai, um primo que foi vítima de uma morte súbita, um evento não explicado na ocasião, mas já poderia ser sinal de cardiopatia genética na família.

 

Em sua opinião, qual é o avanço de destaque que a radiologia cardiovascular vive neste momento?

Como em outras áreas do diagnóstico por imagem, a radiologia cardíaca também poderá ter benefícios na era da Inteligência Artificial (IA). Um exemplo bem prático e direto, em relação apenas a rotina para elaborar um laudo, teremos ferramentas que nos possibilitem a obter os cálculos prontos, por exemplo, a função ventricular de maneira automatizada, que é uma etapa do laudo hoje ainda feita manualmente e demasiadamente prolongada. Essa e outras tarefas manuais poderão ser delegadas à IA e nós, cardiologistas e radiologistas, poderemos usar melhor o tempo para interpretar as informações do exame e integrar melhor ao cenário clínico do paciente.

 

Você é uma das coordenadoras do Encontro Nacional de Radiologia Cardíaca (ENRC). O que pode falar sobre a importância desse evento e, especificamente, sobre a edição deste ano?

É um evento muito importante, promovido pela Sociedade Brasileira de Radiologia (SBR), voltado para tomografia e ressonância magnética cardiovascular. Nesse aspecto é singular no país. Além disso, o ENRC é um ótimo exemplo de interação entre cardiologistas e radiologistas. Neste ano será a 17ª edição do ENRC, realizado em 18 e 19 de outubro, em São Paulo. É uma iniciativa voltada a atualização e troca de conhecimentos. Temos convidados nacionais e internacionais, todos renomados. Entre os destaques,  a participação neste ano do  Dr. Andrew E. Arai, reconhecido especialista em ressonância magnética cardiovascular, com atuação no NIH e ex-presidente da Society for Cardiovascular Magnetic Resonance.