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Fevereiro/93: o que esperar de 1993?

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O ano de 1993 começava sem grandes definições de rumo, principalmente tratando-se do Ministério da Saúde. Com o novo presidente Itamar Franco, apesar da tranquilidade que o país se encontrava, incertezas ainda pairavam nos caminhos da saúde.

A Tabela da AMB ainda estava indefinida e refletia diariamente no trabalho do médico, que lutava pela valorização do seu trabalho, enquanto nadava contra a corrente de descontos abusivos, que desrespeitavam princípios éticos. Além disso, a Radiologia encontrava outro problema no caminho: a tentativa de apropriação por outros setores.

Devido ao empenho e atenção dos profissionais, algumas medidas eram tomadas e traziam os primeiros resultados, principalmente na área de ultrassonografia, com a definição de compatibilidade. O Conselho Federal de Medicina a definiu como especialidade exclusivamente médica.

Os médicos que trabalhavam para a Previdência, apesar de não receberem novidades, lidavam com uma situação mais favorável. A própria Previdência criou recursos de custeio e o Ministério da Saúde tentava compatibilizar os programas com a realidade brasileira.

A Sociedade Paulista de Radiologia estava atenta a todas as indefinições e contextos que rodeavam a área e já havia se posicionado na defesa de seus associados, tanto em relação a aspectos econômicos, quanto políticos. Logo no início do ano, ela já havia acionado o Ministério da Saúde em busca de uma política mais real de remuneração para os prestadores da Previdência – essa era uma de suas prioridades.

Para o Dr. Jaime Ribeiro Barbosa, aquele momento era de luta, busca por conhecimento e esperança. 

UNICAMP inaugura Medicina Nuclear

Em novembro de 1992, a Universidade de Campinas inaugurou o Serviço de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas. A expectativa é de crescimento contínuo e a saturação prevista para o próximo ano estava para ser superada em abril. 

Com equipamentos de ponta, comparáveis aos mais modernos do mundo, o serviço também estaria ligado a outros países através do telefone. A partir da instalação de cabos de fibra ótica pela Companhia Telefônica de São Paulo, a UNICAMP conseguiria trocar informações médicas via satélite e discutir casos com especialistas do mundo inteiro.

O responsável pelo serviço era o Dr. Edwaldo Camargo, médico pela Universidade de São Paulo e doutor em Medicina Nuclear – ele finalizou os estudos nos Estados Unidos e chegou a chefia do Departamento de Medicina Nuclear do Hospital John Hopkins, em Baltimore, maior centro de referência. Ele já havia montado o mesmo serviço no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, de 1982 a 1988. Em 1991, ele voltou do exterior e iniciou a implantação na UNICAMP. 

Com a escolha da tecnologia mais moderna existente, o equipamento consistia em duas câmaras de cintilação, interligadas a computadores que se comunicavam entre si e estavam ligados a uma estação de trabalho. Ela estava localizada em uma sala para discussão de casos e que poderia atrair dados instantaneamente tanto das câmeras, quanto do disco ótico. Na época, mais 600 exames já tinham sido realizados, que eram gravados por esses discos, a laser, e acumulavam mais de dez mil imagens. 

A preocupação do serviço não era apenas com o atendimento aos pacientes do HC, mas também com pesquisa. Naquele mês, começaria oficialmente o ensino, com seis médicos que ficariam por dois anos. Em 1994, o curso de especialização passaria a chamar residência e mais oito médicos seriam admitidos. 

1° Encontro de Medicina Fetal em São Paulo

O Centro de Diagnóstico Pré-Natal e Medicina Fetal do Hospital e Maternidade São Luiz, em colaboração com a Sociedade Internacional de Medicina e Cirurgia Fetal, realizou o 1° Encontro Internacional de Especialistas em Medicina Fetal. O evento aconteceria em junho daquele ano com o objetivo de abordar as condutas e controvérsias da área.

O congresso recebeu professores estrangeiros renomados, como Michael Harrison, Yves Dumez, Israel Nisand, Kypros Nicolaides, N. Radunovic, Laurent Fermont e Didier Rambaud. Dr. Adib Domingos Jatene foi o presidente de honra do encontro, com o Dr. Eduardo Valente sendo responsável pelos trabalhos.

Filmes são substituídos por imagem digitalizada nos mamógrafos

Durante o 10º Curso de Diagnóstico por Imagem, a nova linha de mamógrafos, equipados com aparelhagem para coleta de material para biópsia, foi apresentada. Essa linha de produtos da Lorad Medical Systems, marca norte-americana, chamava-se StereoGuide e substituía os filmes por imagem totalmente digitalizada, que chegava ao computador quase simultaneamente ao exame.

Para a biópsia, uma agulha atingia o local com extrema precisão, uma vez que o aparelho marcava a região afetada e indicava exatamente onde a agulha deveria ser inserida. A grande vantagem estava na coleta do material com anestesia local, sem a necessidade de incisão cirúrgica.

O conforto da paciente também foi considerado durante a produção desses equipamentos, que agora consistiam em uma cama, com uma abertura onde se encaixava o seio da mulher – com movimentos 360°, era possível visualizar a mama por todos os ângulos. Por ser em posição horizontal, a mulher ficava mais confortável e não conseguia visualizar a incisão, o que diminuiria possíveis traumas. 

O StereoGuide diminuiu o tempo do procedimento para 20 minutos e detectava calcificações até dez vezes menores do que os mamógrafos comuns.