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Setembro de 1994: o desenvolvimento da saúde no Brasil

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O artigo intitulado “Coisas do Subdesenvolvimento”, escrito pelo Dr. Cássio Ruas de Moraes, relatava as experiências de um médico brasileiro durante uma visita à Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ao ser convidado para conhecer projetos de pesquisa no departamento de Radiologia, ele se surpreendeu ao ver que o desenvolvimento de novos aparelhos de raios X estava em andamento. O autor descreveu o encontro com um professor engenheiro que trabalhava em um projeto de baixo custo para países em desenvolvimento, com o objetivo de melhorar a assistência radiológica.

Durante essa visita, o médico brasileiro observou que o equipamento era muito mais simples e barato que os utilizados nos Estados Unidos, o que permitiria a obtenção de resultados eficazes com menor custo. Ele refletiu sobre as condições precárias do Brasil, destacando as dificuldades de importar tecnologias avançadas e a falta de apoio para projetos locais.

O autor também mencionou que o nosso país estava passando por um processo de industrialização atrasada, ainda dependente de equipamentos ultrapassados e políticas colonizadoras. Dr. Ruas lamentou a falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento no país, afirmando que a ciência nacional ainda enfrentava grandes desafios devido à escassez de recursos e de apoio governamental.

A crítica do autor se estendia ao estado precário da saúde e educação, com foco na desigualdade e nas dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde para oferecer um atendimento de qualidade com os recursos limitados disponíveis. Ele concluiu o artigo com uma visão pessimista, apontando que, apesar de iniciativas bem-intencionadas, o país ainda tinha um longo caminho a percorrer em termos de desenvolvimento tecnológico e social.

A ilusão do sistema de saúde

O artigo “Os Anos Disney” trouxe uma reflexão crítica sobre a situação política e econômica do Brasil, com foco nas dificuldades enfrentadas pela saúde pública. Escrito pelo Dr. Celso Hiram, o texto discutia a crescente corrupção e falta de transparência nos setores governamentais, especialmente em relação ao financiamento da saúde.

O autor ressaltou que, embora houvesse esforços aparentes para melhorar a gestão dos recursos, a realidade era de negligência e ineficiência. Ele mencionou que a população começava a perceber a falta de cumprimento do dever fiscal e que, mesmo após o fim da ditadura, havia uma continuidade de práticas prejudiciais. A saúde pública, por exemplo, sofria com o desvio de dinheiro, o que resultava em uma assistência médica precária.

Dr. Freitas destacou que o governo não era capaz de administrar o setor de saúde adequadamente e sugeriu que as constantes falhas de gestão eram fruto da incompetência e do desinteresse político. Ele apontou três principais problemas: a falta de competência governamental para gerir a saúde, a má alocação dos recursos orçamentários e o fracasso em investir na infraestrutura do sistema.

O autor utilizou o termo “anos Disney” para descrever a forma como o governo brasileiro tratava a saúde pública, comparando-a a um cenário ilusório, em que tudo parecia funcionar bem, mas, na realidade, os hospitais e os profissionais de saúde estavam sobrecarregados e desamparados.

Classe médica brasileira: novos Asterix e Obelix

Dr. Giovanni Cerri, no artigo “Cizânia”, fez uma analogia entre a popular história em quadrinhos de Asterix e Obelix e os conflitos internos da classe médica no Brasil. Ele comparou a resistência dos gauleses à defesa da autonomia e dos interesses da classe médica, que enfrentava pressões externas, como mudanças impostas pelas autoridades. Ele destacou que, tal como os personagens lutavam contra as legiões romanas, os médicos brasileiros se viam em uma constante batalha contra aqueles que tentavam minar a profissão.

Dr. Cerri também mencionou episódios recentes à época, como a implantação da Tabela da AMB e o impacto que isso teve sobre as negociações de honorários médicos. Houve, segundo ele, um momento crítico no qual os bastidores do setor médico estavam repletos de dissensão, com vários grupos profissionais, incluindo a AMB, lutando para manter sua influência e defendendo a especialidade.

A “Cizânia” retratada no texto envolvia a fragmentação da classe médica e a dificuldade em unir os profissionais em torno de um objetivo comum, resultando em uma perda de força na negociação por melhores condições de trabalho e remuneração. O autor concluiu enfatizando a necessidade de união dentro da classe médica para enfrentar os desafios do futuro e superar as divisões internas, lembrando que, assim como na história dos gauleses, a força está na união e na resistência conjunta.