Sir William Osler (1849-1919) foi uma figura monumental na medicina moderna, reconhecido por suas profundas contribuições como médico, patologista, educador e bibliógrafo. Seu impacto duradouro na profissão e seu sólido compromisso com instituições-chave no Reino Unido se refletem, entre outras coisas, na existência de vários retratos que buscam honrar sua memória e vasto legado.
Em 1908, Sir William Osler foi retratado quando ainda era Professor Regius em Oxford, o que ressaltava seu profundo respeito pelo legado acadêmico do eminente médico. Em 1953, o retrato foi oferecido ao Royal College of Physicians com a esperança de que pudesse permanecer no Christ Church College de Oxford, lugar onde Sir William Osler havia sido estudante em seu último ano. Apesar dessa intenção, em 1966, o retrato chegou a Oxford, mas Christ Church decidiu não pendurá-lo.
Diante dessa situação, o Dr. W.R. Bett, bibliotecário da Bodleian Library e antigo aluno de Sir William Osler em Christ Church, interveio. Ele ofereceu abrigar o retrato em empréstimo no mezanino da Bodleian, para depois colocá-lo na Radcliffe Science Library de Oxford. Em 1967, o retrato foi instalado na escadaria principal dessa última instituição. No entanto, sua localização foi modificada novamente em 1977, quando foi transferido para a Sala de Leitura de Medicina no Jackson Wing. Segundo Robb-Smith AHT, o retrato de Osler, feito por Seymour Thomas, permanece pendurado ali até hoje.
O Royal College of Physicians de Londres também possui uma cópia notável do retrato de Sir William Osler realizado por Seymour Thomas. Essa cópia foi encomendada e financiada pelo Presidente dos Physicians. A criação dessa obra se relaciona com Thomas Cotton, curador entre 1904 e 1964, que participou das discussões sobre a reconstrução do College em 1965. Sir William Osler, um cardiologista muito respeitado, conhecia e admirava profundamente Thomas Cotton.
A oferta desse retrato foi considerada um “deleite” e se decidiu que seria devidamente homenageado dentro do novo College. Em reconhecimento a Osler, o refeitório foi nomeado “Osler Room” e uma sala especial, a “Thomas Cotton Room”, foi designada para uso do Osler Club de Londres. Além disso, em 1981, William e a Sra. Joyce Aris pintaram uma segunda cópia do retrato de Seymour Thomas para a “Osler Room” do Royal College of Physicians.
A relação de Sir William Osler com a Royal Society of Medicine foi profunda e multifacetada. Osler foi um dos primeiros membros e apoiou ativamente a fusão da Royal Medical Chirurgical Society com outras sociedades em 1907, processo que levou à formação da Royal Society of Medicine, a qual ele concebia como uma verdadeira academia médica. Ao longo de sua trajetória, a Osler foi oferecida a Presidência da Sociedade em duas ocasiões, mas em ambas recusou a honra devido a outros compromissos.
No entanto, sua influência se fez sentir em diversos papéis: serviu como Presidente do Conselho e do Comitê da Biblioteca, além de ter sido membro do Comitê de Publicações (1913-1914). Além disso, Osler fundou e foi o primeiro Presidente da Seção de História da Medicina.
A odisseia dos retratos de Sir William Osler, desde a intenção original de Seymour Thomas até sua localização final em diversas instituições de prestígio, ilustra não apenas a relevância de Osler como figura histórica, mas também o esforço coletivo para preservar sua imagem e legado. Essas obras de arte não são meras representações; são símbolos tangíveis de sua influência na medicina, de sua devoção pelo conhecimento e de seu compromisso com as comunidades acadêmicas e profissionais.
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Prof. Dr. Alfredo E. Buzzi
Professor Titular de Diagnóstico por Imagem, Universidade de Buenos Aires
Membro Honorário Internacional da Sociedade Paulista de Radiologia
O autor é editor da Revista “ALMA- Cultura y medicina”