Científico

Abdominal e trato geniturinário

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email

História clínica

Paciente feminina, 11 anos, pré-púbere procura atendimento acompanhada da mãe por dor intensa em abdome inferior com três dias de evolução e achados compatíveis com abdome agudo em exame de ultrassonografia em serviço terciário. Foi admitida para investigação com exames laboratoriais evidenciando padrão inflamatório/infeccioso e solicitada nova ultrassonografia de abdome apresentando como destaque achados sugestivos de hidrossalpinge associada a intensa densificação de planos adiposos adjacentes (figuras 1 e 2). Para planejamento e manejo foi solicitada Ressonância Magnética que demonstrou hidrossalpinge, sem alterações ovarianas (figuras 3 e 4).

Figuras

 

Torção isolada de tuba uterina em paciente pré-púbere

Autores: Drs. Caroline Scheffer Miguel, Anna Luiza Cauduro de Miranda, João Paulo Nadal e Fabio Lucio Stahlschmidt
Instituição: Hospital Pequeno Príncipe – Curitiba, PR

Com as informações fornecidas pelos exames de imagem e avaliação clínica optou-se pela realização de laparoscopia que constatou torção isolada de tuba uterina direita e hidrossalpinge sem acometimento ovariano (em concordância com os achados radiológicos). Realizou-se salpingectomia à direita que, na descrição cirúrgica já apresentava sinais de necrose. A peça foi encaminhada para estudo anatomopatológico que demonstrou salpingite crônica e aguda discreta e hidrossalpinge. A paciente obteve plena recuperação e teve a menarca logo após a salpingectomia.

A torção isolada de tuba uterina é uma causa pouco frequente de dor abdominal e pélvica, sendo os principais diferenciais apendicite aguda, rotura de cisto ovariano e folículo hemorrágico, por se tratar de uma entidade rara é pouco considerada pelos médicos assistentes. O médico radiologista e os exames de imagem são cruciais para diagnóstico correto e precoce, evitando assim complicações. O exame de ultrassonografia por vezes pode ser inconclusivo (principalmente em pacientes jovens em que a ultrassonografia transvaginal não pode ser realizada), necessitando de complementação com Ressonância Magnética que nem sempre é disponível, possui custo elevado e mais tempo para sua realização. Em Isolated torsion of the fallopian tube: a case report and review of the literature (Van Der Zanden, Moniek, et al.) encontramos um caso similar em paciente pré-púbere de 9 anos, onde a ultrassonografia apenas não foi conclusiva, necessitando também da Ressonância Magnética.

A maioria dos casos de torção isolada de tuba uterina são registrados em pacientes na menacme, tornando ainda mais distante dos diferenciais em pacientes pré-púberes, o que faz dos exames de imagem indispensáveis para diagnóstico e manejo.

 

Referências bibliográficas

  1. HANSEN, Ole Hart. Isolated torsion of the fallopian tube. Acta obstetricia et gynecologica Scandinavica, v. 49, n. 1, p. 3-6, 1970.
  2. VIJAYARAGHAVAN, S. Boopathy; SENTHIL, Sathiya. Isolated torsion of the fallopian tube: the sonographic whirlpool sign. Journal of ultrasound in medicine, v. 28, n. 5, p. 657-662, 2009.
  3. VAN DER ZANDEN, Moniek; NAP, Annemiek; VAN KINTS, Marjolijn. Isolated torsion of the fallopian tube: a case report and review of the literature. European journal of pediatrics, v. 170, n. 10, p. 1329-1332, 2011.