Concursos e premiações

Dr. Fabrício Feltrin conta sua trajetória no Concurso SPR-AIRP

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Dr. Fabrício Feltrin (de blusa azul) com Dr. Mark Murphy (de gravata) e colegas

No Concurso SPR-AIRP, você concorre a uma vaga no Four-Week Course do AIRP-ACR, em Maryland, Estados Unidos. A iniciativa é realizada desde 1998, por meio de uma parceria entre o ACR Institute for Radiologic Pathology e a SPR.

As inscrições para a próxima edição estão abertas – mas corra, pois terminam em 30 de junho!

Conheça a seguir a experiência do Dr. Fabrício Feltrin, hoje professor assistente na UT Southwestern Dallas, que foi o contemplado com o curso internacional em 2009!

 

Qual trabalho que você inscreveu no Concurso SPR-AIRP que foi o contemplado?

Fibroma Ossificante Juvenil associado a Cisto Ósseo Aneurismático Sarcoma Granulocítico de Testículo.

 

Qual foi a dificuldade em desenvolver o caso para o concurso? Que lembranças tem do desenvolvimento dele?

Os frequentadores do curso com Carl Williams (de boné)

Desenvolver um caso para o concurso AIRP envolve algumas etapas.

Primeiro, você tem que identificar um caso potencial. Não precisa ser uma doença rara, mas precisa ser um caso em que a radiologia e a patologia possam ser integradas, no qual você consiga demonstrar na patologia aspectos observados nas imagens. Lesões complexas, como o cisto ósseo aneurismático, que eu utilizei, são boas candidatas para isso. Claro, se for um processo raro também ajuda.

Depois de identificar esse caso, você precisa ir atrás da documentação. Macroscopia da patologia foi incluída em ambos os casos. Eu consegui colocar imagens axiais no mesmo plano da macroscopia anatomopatológica. Isso ajuda muito a entender os achados de imagem. Eu elaborei slides contendo no mesmo plano a patologia e múltiplos métodos de imagem, como CT e RM. Além disso, você precisará da microscopia. A microscopia é muito interessante porque ajudou a entender o sinal, a densidade radiológica, o realce das lesões. Por exemplo, é interessante mostrar que uma lesão densamente celular restringe difusão, enquanto um estroma frouxo facilita a difusão.

 

Como foi a rotina no Curso de Quatro Semanas em Maryland?

Na época, tínhamos aulas diárias, de vários temas da radiologia, manhã e tarde. Havia alguns períodos livres, mas não eram muitos.

O curso em si é bastante intenso. Aqui nos Estados Unidos, ele é utilizado como uma preparação para o CORE exam, que seria a parte teórica da prova de título deles. Por isso, você vê vários residentes de radiologia ali pelo terceiro ano. Então, o curso tem um duplo objetivo: ele tem por base a correlação radiologia-patologia, mas também funciona como uma revisão dos conteúdos necessários para o sucesso na prova de título americana. Serve muito bem como uma revisão para a prova de título brasileira, por conseguinte. Eu consegui fazer algumas viagens curtas nos finais de semana, para Nova York, por exemplo.

 

O que mais lhe agradou ou chamou a atenção no curso?

A intensidade do aprendizado. Os professores e os casos que eles acumularam ao longo dos anos são um acervo único. O contato com residentes não apenas dos Estados Unidos, mas de todo o mundo, é também algo muito gratificante. Entender um pouco como a radiologia funciona ao redor do mundo.

Eu também conheci vários brasileiros neste curso, muitos com quem mantenho contato até hoje. Este curso ampliou muito meus horizontes profissionais.

 

O que destaca como principais aprendizados, tanto cientificamente quanto de vivência, rotina?

Poder ver no curso a junção da patologia com os achados de imagem, entender de onde vem o sinal da RM para cada lesão, todo esse aprendizado de rádio-patologia foi muito engrandecedor para mim. Até hoje, em tumor boards, eu recorro a conhecimentos que são ensinados neste curso.

Conviver com os residentes americanos por um mês me mostrou que somos parecidos, mas também muito diferentes. O americano chega na residência mais tarde, muitos já têm filhos na residência pela época do CORE exam, algo incomum no Brasil. Além disso, foi meu primeiro contato estudantil ou profissional com os Estados Unidos.

Washington é uma cidade fantástica. O National Mall, onde ficam os prédios públicos, com aquela arquitetura, de certa forma remete à antiguidade clássica. Há vários museus, várias opções culturais. Washington também é uma cidade vibrante, com shows e vários eventos acontecendo durante o período de um mês.

 

Que valor dá para tal experiência?

Essa experiência seguramente mudou o curso da minha vida. Hoje eu moro e trabalho como neurorradiologista nos Estados Unidos. Este primeiro contato com certeza influenciou o curso da minha carreira.

Além da bagagem de conhecimento, eu vim a conhecer o lado mais acadêmico/profissional dos Estados Unidos, que é apaixonante, de uma força e energia ímpar. Fiz vários amigos e contatos profissionais de várias partes do mundo, alguns dos quais até hoje encontro em congressos.

 

Aos colegas que pensam em se inscrever no Concurso SPR-AIRP, quais seus conselhos?

Documentação é o principal. Gaste tempo e energia documentando bem o seu caso. Elabore bem o material a ser submetido. Capriche nas legendas, flechas e marcações. Eu usei um sistema de cores e símbolos para identificar o mesmo material em diferentes métodos, isso ajudou bastante a compreender de imediato as correlações.

Eu recomendo a todos fazer este curso. Especialmente se você tem alguma intenção de seguir uma carreira internacional, ou de fazer um fellowship internacional, este é um ótimo lugar para se aprofundar nessa ideia.