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Dra. Ana Paula Fonseca compartilha sua experiência com o Diventerò

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Progetto Diventerò acompanha jovens de talento para um estágio em Diagnóstico por Imagem de seis semanas na Itália. A iniciativa resultante da parceria entre a SPR e a Fundação Bracco está com as inscrições abertas até 30 de junho.

Na última semana, acompanhamos a experiência do Dr. Danilo Wada, um dos ganhadores que embarcou para Milão. Agora é a vez da Dra. Ana Paula Fonseca compartilhar momentos dessa vivência única de um profissional de radiologia.

 

Em que serviço/cidade você ficou?

Fiquei durante seis semanas no Instituto Giannina Gaslini, um hospital pediátrico em Gênova, no norte da Itália. Este é um dos maiores hospitais pediátricos da Europa, com destaque à excelência dos serviços de neurologia, neurocirurgia e neurorradiologia, que são as áreas do meu interesse.

Quem era o médico responsável pela equipe em que atuou? Como era a equipe, tamanho, rotina de trabalho?

O setor de neurorradiologia do Instituto Giannina Gaslini é chefiado pelo Dr. Andréa Rossi, um neurorradiologista pediátrico conhecido em todo o mundo por suas aulas didáticas, projetos de pesquisa, publicações e atuação na Sociedade Europeia de Neurorradiologia.

Além do Dr. Andréa, outros três médicos faziam parte da equipe de neurorradiologia pediátrica: Drs. Domenico Tortora, Mariasavina Severino e Antônia Ramaglia. Todos eles são profissionais excelentes, com destaque ao cuidado com os pacientes, orientação dos protocolos de exames de ressonância magnética (RM), produção científica e contínua atualização nas mais diversas áreas da neurorradiologia pediátrica.

O estágio acontecia de segunda a sexta-feira, durante os turnos da manhã e tarde. Eu costumava chegar no hospital às 8h e ia embora entre 17h e 18h. Durante este tempo, acompanhava a realização dos exames com os neurorradiologistas e técnicos, auxiliava os residentes na realização dos pré-laudos e acompanhava a correção dos laudos. Além disso, abríamos aulas e artigos neste tempo, com discussões sempre enriquecedoras, sendo um período de muito aprendizado e revisão.

 

O que lhe admirou no trabalho lá desenvolvido?

O trabalho desenvolvido no Instituto Giannina Gaslini é excelente. Tornei-me uma fã de toda a equipe, sempre cuidadosa e detalhista na qualidade do atendimento prestado, incluindo os neurorradiologistas, técnicos, enfermeiros, residentes, pesquisadores, dentre outros profissionais.

Acredito que o ponto de destaque é a preocupação em exercer uma medicina excelente desde a chegada do paciente ao setor. Os neurorradiologistas conversam com todos os pacientes ou seus familiares, acompanham a realização de todos os exames (orientando ativamente o protocolo e manuseando a máquina) e laudam todos os exames com contato ativo com os demais médicos clínicos que acompanham o paciente.

Quais diferenças identificou na Radiologia praticada no Brasil e na Itália?

Felizmente, acredito que a radiologia no Brasil é de grande qualidade e, na maior parte das vezes, equiparável às boas práticas que presenciei na Itália. Percebi, contudo, uma atuação mais proativa no Instituto Giannina Gaslini, principalmente no que concerne à realização dos exames, com atuação mais precisa e dinâmica na escolha dos protocolos.

Além disso, notei uma maior racionalização e critérios para a solicitação de exames de imagem, com discussão junto aos médicos radiologistas, sendo menos frequentes exames desnecessários ou mal indicados.

Por fim, há um maior incentivo à pesquisa científica, por exemplo, no estudo de novas sequências de RM e aplicações de inteligência artificial, como o Radiomics. Achei interessante a presença de pesquisadores não-médicos atuando no serviço junto aos radiologistas, auxiliando na organização e tabulação dos dados, com reuniões frequentes com pesquisadores de todo o mundo.

 

O que destaca como principais aprendizados, tanto cientificamente, quanto de vivência, rotina?

Aprendi muito sobre a neurorradiologia pediátrica, que é um universo à parte, menos explorado no meu dia-a-dia no Brasil, onde atuo principalmente com diagnósticos do adulto. Além disso, tive um maior contato com a RM para avaliação neurológica fetal, podendo me aprofundar nos protocolos de imagem e achados mais frequentes. A interrupção da gestação é permitida na Itália e isso torna a RM fetal um exame muito mais frequentemente solicitado, sendo crucial para a tomada de decisão, em comparação ao Brasil.

Além do aprendizado na medicina, foi uma experiência cultural e turística incrível. Conheci muitas cidades na Itália, Suíça e França, com suas paisagens lindas, comidas típicas e tantas histórias pelo caminho. Fiz amigos brasileiros, a Leonor e o Danilo Wada, que também estavam no Diventerò, e foram meus companheiros de viagem. E também fiz amigos em Gênova, como a Stephanie, Ana Isabel e Costanza, que eram fellows no hospital.

 

Que valor dá para tal experiência?

Essa foi uma das melhores experiências da minha vida, me apresentando à cultura e língua italiana, além de me ensinar muito sobre a neuropediatria, uma área desafiadora e interessantíssima da neurorradiologia. Fui extremamente feliz e realizada durante meus dias em Gênova e levarei essa cidade em minha memória com muito carinho.

Aos colegas que pensam em se inscrever no Diventerò, quais seus conselhos?

Meu conselho é este: tentem o Progetto Diventerò e vivam durante um tempo na Itália. Ainda que não passe na primeira tentativa, tente de novo. O Diventerò não é apenas um estágio em radiologia, é uma experiência cultural, pessoal e profissional completa. Você sairá da rotina da sala de laudos para uma viagem linda pela Itália, cheia de lugares, aprendizados e experiências que levará por toda a vida.