Augusto Lio da Mota Gonçalves Filho

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Conheça, nesta coluna, pessoas e fatores que incentivaram colegas da especialidade a seguir suas trajetórias!

Cada médico tem uma história, um motivo que o levou a optar por uma área. E nós, da SPR, vamos perguntar aos que escolheram a radiologia qual foi a inspiração que os fizeram escolher e se manter na especialidade. Este mês, conversamos com o Dr. Augusto Lio da Mota Gonçalves Filho, fellow em Neurorradiologia pela Universidade de Ottawa/The Ottawa Hospital, no Canadá.

O que o inspirou e ainda inspira na profissão de médico radiologista?

A radiologia me inspira por ser uma especialidade em constante inovação e isso me motiva a estudar e aprender coisas novas. Acredito ser uma das especialidades médicas que evolui mais rapidamente, e apesar do uso de tecnologias avançadas, há sempre o cuidado em revisitar a medicina tradicional ao buscarmos a história clínica e exame físico do paciente. Nós somos treinados a utilizar os achados clínicos clássicos aumentados pelo poder dos métodos de imagem para finalmente alcançar o raciocínio diagnóstico mais preciso.

Em que momento decidiu optar pela radiologia?

Optei pela radiologia logo após concluir a faculdade de medicina. Durante a graduação achei que queria fazer cirurgia porque tinha a idealização que a cirurgia ia me permitir estudar vários sistemas e grupos de doenças diferentes. Com o tempo, percebi que o que me fascinava era o raciocínio diagnóstico e não achava tão interessante conduzir todo o plano terapêutico. Encontrei esta rotina na radiologia, pois tenho a impressão que participo do momento-chave do diagnóstico de mais pacientes em um dia do que conseguiria fazer se seguisse uma carreira clínico-cirúrgica.

Indique três aspectos principais que o levaram a escolher a radiologia.

Visão aprofundada de vários sistemas, o que permite ao radiologista discutir casos clínicos com colegas de várias especialidades diferentes; constante evolução de técnicas e métodos diagnósticos, fazendo com que o estudo constante traga a satisfação de estar sempre aprendendo coisas novas; e flexibilidade de rotina, permitindo ao radiologista escolher como quer trabalhar, se gosta de procedimentos ou não, maior ou menor contato direto com pacientes, rotina hospitalar/emergência ou exames eletivos.

Quais são suas expectativas para o futuro em relação à área e profissão de radiologista?

Acho que a radiologia é uma especialidade consolidada e não vejo riscos da especialidade desaparecer, como foi especulado há alguns anos, com o avanço das tecnologias de inteligência artificial. Acredito que a radiologia tem liderado muitas inovações médicas e vejo que o futuro da radiologia será a retirada da sala de laudos dos porões dos hospitais para próximo das áreas clínicas. O que quero dizer é que, ao aumentarmos nosso arsenal técnico, com métodos de imagem mais eficientes e seguros, nós poderemos assumir um papel mais ativo junto ao corpo clínico dos pacientes, participando ativamente de decisões diagnósticas e até mesmo terapêuticas.

Como é a rotina da radiologia no Canadá?

A qualidade e o nível técnico da medicina no Brasil são excelentes e não deixam a desejar quando comparados ao Canadá. O aspecto humano também é um destaque da medicina no Brasil. Fazendo essa ressalva, a radiologia aqui difere em questões estruturais.

A atuação do radiologista é predominantemente intra-hospitalar e o acesso a tecnologias é mais abrangente. Existem bem poucos serviços de radiologia privada no Canadá. Esta diferença se reflete na prática, e por isso percebo que o radiologista aqui é mais participativo e está no centro das condutas médicas. Aqui somos consultados com mais frequência e temos mais acesso a dados clínicos, o que permite ao radiologista ter voz ativa nos casos clínicos. Outro ponto diferente é que essa integração permite acompanhar os casos até o fim, para identificar erros e acertos e assim aumentar a confiança da equipe clínica com o trabalho em conjunto aos radiologistas. No Brasil, me recordo que era difícil saber a conclusão de casos onde atuei em centros privados.