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Clube Manoel de Abreu

Outubro de 1994: a importância do Clube Manoel de Abreu

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Em 1994, no Jornal da Imagem de outubro, o Dr. Nelson Caserta publicou um artigo que descrevia o papel e as atividades do Clube Manoel de Abreu, criado para fortalecer o relacionamento entre radiologistas do interior de São Paulo e proporcionar um espaço de discussão para casos clínicos complexos.

O clube se destacou por facilitar o compartilhamento de conhecimentos, especialmente entre profissionais com acesso limitado a especialistas mais experientes. Durante as reuniões, além dos casos discutidos, também se abordavam dúvidas relacionadas ao diagnóstico e ao uso de diferentes modalidades de imagem.

Dr. Caserta mencionou a importância do trabalho dos radiologistas que organizavam essas reuniões, com apoio de profissionais dedicados, como o Dr. Gentil. A organização dessas sessões exigia esforços consideráveis, desde a escolha do local até a coordenação com patrocinadores e colegas médicos, além de envolver a concessão de prêmios e outros incentivos.

Ele também comentou a crescente profissionalização da SPR, que passou a promover jornadas e cursos de alto nível. Entretanto, apontou os desafios financeiros associados à realização desses eventos, observando que o custo elevado exigia o suporte das empresas, que nem sempre eram receptivas em ajudar financeiramente.

Para encerrar, Dr. Caserta destacou a continuidade do formato tradicional do clube, mesmo diante das pressões para modernizar as atividades. Ele mencionou o compromisso de manter o ambiente acolhedor e informal que caracterizava o clube, garantindo que a tradição e o espírito de camaradagem continuassem a ser preservados.

Tabela de Honorários: ajustes precisos e com justiça de valores

Dr. Luiz Karpovas trouxe novamente a elaboração da nova Tabela de Honorários do Colégio Brasileiro de Radiologia. Esse processo envolveu diversas reuniões entre o CBR e os membros da CIEFAS/ASASPE em São Paulo, visando definir valores de honorários que atendessem aos interesses de todas as partes envolvidas.

Para garantir a precisão e justiça dos valores, cada capítulo da tabela foi cuidadosamente elaborado ou revisado por especialistas nas respectivas áreas, como radiologistas, ultrassonografistas, tomografistas e outros profissionais de imagem. Esse esforço visava evitar injustiças entre diferentes áreas e estabelecer critérios que respeitassem as especificidades de cada procedimento radiológico.

A tabela também foi ajustada para evitar discrepâncias em relação aos valores da Associação Médica Brasileira (AMB), e procedimentos precisaram ser alterados conforme a filosofia da tabela e as diretrizes da AMB. Alguns capítulos, como radiologia geral e ultrassonografia, já estavam acordados, enquanto outros, como o de medicina nuclear, ainda precisavam de revisão.

A AMB pressionou para que uma versão definitiva fosse apresentada até o final daquele mês, com a expectativa de implementação no ano seguinte. O médico enfatizou o compromisso com valores justos e sustentáveis, aguardando que a nova tabela oferecesse um equilíbrio financeiro e representasse a classe radiológica.

A diferença da medicina clínica

Dr. Cássio Ruas de Moraes abordou o impacto do avanço tecnológico na prática médica e defendeu a importância de uma abordagem clínica mais criteriosa e centrada no paciente. Em seu texto, ele observou, com ironia, como o desenvolvimento de métodos diagnósticos e tecnologias, ao invés de reduzir a necessidade do trabalho clínico, o tornou ainda mais essencial.

O médico argumentou que a ampla variedade de métodos diagnósticos trouxe novos desafios, exigindo dos médicos uma avaliação baseada em dados concretos de cada paciente. Ele destacou que a racionalização econômica da medicina, influenciada por planos de pré-pagamento e seguros-saúde, gerou uma abordagem que prioriza a contenção de custos, frequentemente sobrepondo o fator econômico ao bem-estar do paciente.

O uso excessivo de exames complementares nos Estados Unidos revelou que os melhores resultados diagnósticos vinham de uma cuidadosa história clínica e exame físico. Dr. Cássio ressaltou que a tecnologia não deveria substituir o julgamento clínico do médico, mas sim complementá-lo. Ele concluiu que, diante desse cenário, era essencial promover uma formação sólida dos médicos, garantindo que o contato médico-paciente fosse valorizado acima de interesses financeiros e tecnológicos.