A sustentabilidade da saúde é um dos maiores desafios da área, principalmente em um país continental como o Brasil. Surge então as questões: a tecnologia é uma vilã que aumenta os custos do atendimento ou uma aliada que agrega valor? Quais as perspectivas para o futuro da saúde no país? A discussão aconteceu durante o módulo “Profissionalismo e Gestão – Sessão ICOS”.
Primeiro precisamos considerar a diversidade de interpretações do conceito de “valor”. “Para o dia a dia de uma empresa, o valor pode ser rentabilidade; para o usuário do sistema, experiência; para o médico, uma condição adequada de trabalho”, avalia Leonardo Vedolin, Chief Marketing Officer (CMO) da Dasa.
Apesar disso, há análises positivas quando falamos da tecnologia de forma abrangente. Estudo patrocinado pela ABIMED aponta que, a cada 1% investido no Índice de Tecnologia Médica, são gerados aumentos de 0,494% de gastos em saúde per capita no Brasil.
Por outro lado, o país ainda tem muito a avançar, principalmente quando comparado globalmente. “O Brasil tem um gap de oito anos em relação a países mais avançados, que se refere à tecnologia e à saúde. Nós temos uma visão distorcida aqui em São Paulo, porque nós somos cercados por centros de excelência”, argumentou Fernando Silveira Filho, Presidente Executivo da ABIMED.
Vale destacar que, mundialmente, a radiologia está na vanguarda do uso da inteligência artificial. “No ano passado, 75% dos algoritmos aprovados pela FDA eram de diagnóstico de imagem”, comenta Dr. Giovanni Cerri, Professor Titular de Radiologia da FMUSP, Presidente dos Conselhos do Instituto de Radiologia e de Inovação do HCFMUSP e do Instituto Coalizão Saúde (ICOS). “Os radiologistas foram pioneiros na utilização da telemedicina” , completa Dr. Cesar Higa Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da SPR e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed.
Gestão dos recursos e investimentos em saúde
Os gastos do Brasil em saúde totalizam cerca de 10% do PIB, um valor que atinge a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); mas a situação é complexa e merece uma atenção mais apurada: há problemas de gestão de recursos e desafios antigos e complexos.
“Um dos problemas da saúde do Brasil é que 60% dos investimentos são privados e outros 40% públicos”, avalia o Dr. Francisco Roberto Balestrin de Andrade, Presidente da Fehoesp – Federação dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo e do SindHosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo.
Para o profissional, a sustentabilidade do setor depende principalmente de medidas concretas do Estado, que deveria participar ativamente da discussão e estabelecer um modelo de gestão. A opinião também é compartilhada por Claudia Alice Cohn, Diretora Executiva de Negócios Nacionais na Dasa e Vice-presidente Conselho do Instituto Coalizão Saúde.
“Nós temos um modelo de saúde não saudável que vive uma transição”, finalizou o Prof. Giovanni Cerri.