Em 29 de agosto, Dr. Cesar Higa Nomura, presidente do Conselho Consultivo da SPR, presidente do Conselho de Administração da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica no Hospital Sírio-Libanês, participou do 8º FILIS, em um debate sobre “Impactos das Mudanças Ambientais e Climáticas na Saúde Brasileira”, ao lado de Carlos Nobre, cientista e especialista em aquecimento global, e Ricardo Assumpção, Líder de ESG para Latin America e Chief Sustainability Officer Brasil da EY.
Após o painel, Dr. Cesar concedeu uma entrevista a Portal de Notícias da SPR sobre a importância da sustentabilidade no setor de saúde e o impacto das práticas ambientais em instituições hospitalares. Confira!
Você mencionou que há uma grande preocupação com as emissões de gases de efeito estufa no setor da saúde. Pode falar mais sobre isso?
Sim, de 4% a 5% das emissões de gases de efeito estufa globais estão relacionados ao setor da saúde, mas em algumas localidades, esse índice chega a 10%. Um dado que me chamou a atenção durante nossos estudos foi que mais de 2.000 hospitais na América Latina estão localizados em áreas suscetíveis a inundações. Isso é alarmante, especialmente quando vemos o impacto que inundações tiveram em hospitais de Porto Alegre, por exemplo. É uma questão que precisa ser considerada em planos de segurança nacional.
A sustentabilidade tem sido uma preocupação crescente na saúde. O que o setor está fazendo nesse sentido?
Começamos a priorizar prestadores e fornecedores que utilizam soluções mais sustentáveis, como carros elétricos ou híbridos. Estamos focados em minimizar o impacto ambiental também em relação ao transporte e ao uso de energia. Essa abordagem se alinha ao nosso compromisso de criar uma operação mais sustentável e eficiente.
Como o Hospital Sírio-Libanês está lidando com a questão das emissões?
Em 2021, nos tornamos signatários do pacto global para a redução de emissões. Ainda não conseguimos zerar, mas alcançamos a neutralidade de carbono ao adquirir créditos de carbono e usar fontes de energia renováveis. Além disso, estamos focados em medir efetivamente nossas emissões para encontrar soluções mais concretas. Descobrimos que a área de medicina diagnóstica, da qual sou responsável, representava 20% das emissões do hospital. Isso nos levou a adotar ações diretas para reduzir esse impacto.
Além disso, quais foram as mudanças culturais implementadas?
Decidimos eliminar o uso de copos plásticos no hospital e trocá-los pelos de papel e por canecas reutilizáveis, uma mudança que gerou algum desconforto no início, mas que era necessária. Faz parte da mudança de cultura que estamos implementando. Adotar práticas sustentáveis é mais do que estratégia, é cultura. Nós começamos com medidas simples, como o controle do uso de luz e ar condicionado, mas também com decisões maiores, como a aquisição de equipamentos mais sustentáveis e inteligentes. Ainda temos uma longa jornada pela frente, mas cada passo faz parte da construção de um futuro melhor.
Em relação ao uso de hélio nos equipamentos de ressonância magnética, como funciona?
As máquinas de ressonância, que antes utilizavam mais do que 500 litros de hélio para resfriamento, estão passando por uma grande transformação. Agora, temos máquinas novas que utilizam muito menos hélio, cerca de 7 ou 8 litros. Isso é fundamental quando pensamos na demanda global futura por esse produto. Esse fator vai se tornar decisivo nas nossas RFPs, pois será um diferencial.
E em relação ao tempos dos exames de RM, o que mudou?
Nós tomamos a decisão de que não vamos mais adquirir aparelhos de ressonância magnética que não tenham tecnologias de inteligência artificial embarcadas para acelerar os exames. Isso nos permitiu reduzir o tempo de exames drasticamente. Antes, um exame de joelho levava cerca de 20 a 25 minutos; hoje, conseguimos realizar em 7 ou 8 minutos. Esse ganho de produtividade é enorme, e estamos alinhados com essa tendência, como a maioria dos associados da Abramed.
Quais são os impactos dessas novas tecnologias na prática diária dos exames?
Além da questão do hélio, também estamos implementando novas tecnologias em tomografia para reduzir as doses de radiação, o tempo de realização dos exames e aumentar a produtividade. Isso nos permite realizar exames mais rápidos e com maior eficiência. Além disso, estamos considerando o peso dos equipamentos e o consumo de energia. São fatores cruciais que estamos levando em conta para otimizar o uso de recursos.
Dr. Giovanni Cerri recebe Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld
O 6º Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, concedido a personalidades que se destacaram por contribuições para o avanço do setor de saúde, foi dado ao Dr. Giovanni Cerri durante o FILIS. A premiação leva o nome do Dr. Luiz Gastão Rosenfeld (in memoriam), que foi membro da Câmara Técnica da entidade e uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil.
Formado pela Faculdade de Medicina da USP, ele presidiu a SPR, o CBR e a World Federation of Ultrasound in Medicine and Biology. Foi diretor científico da Associação Médica Brasileira (AMB), presidente do Conselho e diretor geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e presidiu os Conselhos do Hospital das Clínicas da FMUSP e da Fundação Faculdade de Medicina. Também atuou como diretor da Faculdade de Medicina da USP por dois mandatos.
Dr. Giovanni é uma referência a todos os radiologistas, por sua grande contribuição acadêmica e institucional para o desenvolvimento da área no Brasil.