Dr. Cesar Higa Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da SPR, participou em 31 de agosto de debate no 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
O tema da discussão foi “Valor da Medicina Diagnóstica para Integração da Saúde”, e contou também com a presença de Ademar Paes Jr., Presidente da ACM – Associação Catarinense de Medicina e Sócio da Clínica Imagem; Alberto Duarte, Pesquisador e Diretor de Análises Clínicas da Rede D’Or SP; Carlos Figueiredo, CEO do Cura Grupo, que moderou a discussão; e Clóvis Klock, Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
“É preciso entendermos que esse valor que discutimos aqui não é financeiro. Se for, cai tudo por terra. Há pouco tempo, experimentei o sistema de saúde como paciente, tive uma encefalite viral, foram 11 dias hospitalizado. E graças a exames com alta tecnologia empregada, tive um diagnóstico precoce e um tratamento rápido. Então, valor é colocar o paciente no centro da discussão”, iniciou Dr. Cesar.
Alberto Duarte ressaltou que, hoje, há exames muito caros feitos desnecessariamente: “Temos uma medicina banalizada, faculdades caindo de qualidade, então os médicos vão ter dificuldade e vão pedir o que puderem para se resguardar. Precisamos de ações inovadoras para não gastar de forma errada e obtermos o diagnóstico preciso”.
Ademar Paes Jr. defendeu um diagnóstico operacional, que ataque a forma como se comunica e se educa os personagens do processo: “Precisamos relatar adequadamente os desfechos – falta maturidade de muitas empresas, é um desafio desenvolver inteligência de dados interna nas nossas empresas”. Ao que Clóvis Klock emendou: “Temos que trabalhar com o DNA da empresa; calcular os dados faz a diferença da gestão”.
Na moderação, Carlos Figueiredo retomou o tema do excesso de exames, questionou como eles poderiam ser coibidos e a necessidade de haver integração dos prestadores de serviços.
Clóvis levantou a questão da acreditação – são diversos os prestadores de serviços e nem todos têm controle de qualidade: “Muitos acham que investir na acreditação é um gasto, mas é um investimento; depois dela, os custos diminuem”, defendeu.
À pergunta do Carlos sobre se o setor está deixando de oferece o que o paciente realmente precisa, Ademar respondeu que prontuários são o grande desafio desde o início: “A tendência da tecnologia é descentralizar; tentativas de recentralizar não vão funcionar porque hoje temos informações sendo geradas em points-of-care, em home care, em wearables. Assim, é preciso centralizar os dados, mas no paciente”. Ele ressaltou ainda que a Medicina Diagnóstica tem vantagem por ter alto nível de maturidade, e pode começar essa centralização de dados, unindo imagens a exames laboratoriais.
“O prontuário é do paciente, mas os hospitais se apropriam dele. Se o paciente tiver acesso obrigatório viável e decifrável, começamos a resolver a situação”, afirmou Alberto.
Dr. Cesar retomou: “Qualidade é tão importante quanto as sociedades; acredito muito nelas. Somos protagonistas para prover insumos e trabalhar com o governo nessa organização de dados a quatro mãos. O problema é que todos são imediatistas, e essa discussão é para médio a longo prazo”, disse. “A SPR organizou este ano a Jornada Paulista de Radiologia, com mais de 20 mil pessoas presentes, o terceiro maior evento do segmento no mundo. A discussão ali foi de excelência, ninguém baixa o sarrafo. Hoje, temos radiologistas brasileiros indo trabalhar no Catar, sendo responsáveis por atletas de Copa do Mundo, então esse é o nível da nossa medicina”, completou.
Ademar concordou, dizendo que a qualidade tem que ser o padrão. E quanto à necessidade de integração, contou que, em Santa Catarina, fazem o monitoramento das condições de saúde e dos hábitos da população, em todo o Estado: “Falamos com o governo estadual e operadoras para buscar soluções regionais, com acompanhamento periódico. Esse é um bom exemplo de integração de dados”, afirmou.
“O FILIS marca as decisões. Sou otimista, olho para o futuro. É difícil resolver a interoperabilidade dos dados em curto prazo, mas o futuro está delineado”, concluiu Dr. Cesar.