A 23ª edição da Jornada Paulista de Radiologia foi realizada em 1993 e o Jornal da Imagem fez duas tiragens especiais sobre o evento, com uma cobertura completa sobre os principais acontecimentos de uma das maiores semanas de radiologia do mundo.
O evento teve 1.200 inscritos, e a Sessão de Abertura recebeu importantes nomes da área; o Prof. Raul Cutait, então secretário de Saúde do município, discorreu sobre a situação do atendimento médico naquele momento. Ele exemplificou com a realidade de um hospital que deixava o equipamento de raios x encaixotado, pois o prédio não possuía pé direito alto o suficiente. Para a sua administração, ele garantiu um novo sistema terceirizado no setor radiológico para solucionar o atendimento à população.
O Prof. Dr. Clovis Simão Trad, patrono daquela JPR, finalizou a solenidade demonstrando a sua preocupação com a quantidade de escolas médicas no Brasil que estavam surgindo, já que não havia professores o suficiente para torná-las eficientes. Ele também citou o descaso das autoridades com os programas de ensino e o atendimento médico público: “Será que só a morte violenta sensibiliza?”, concluiu.
SPR completava 25 anos
A data desta Jornada coincidiu com a comemoração do 25º aniversário da fundação da Sociedade Paulista de Radiologia. Criada em 1968, a integração entre médicos da capital e do interior foi o ponto fundamental, e, a partir de uma reunião conjunta do Clube Manoel de Abreu e do Clube Roentgen, surgia a SPR.
Os primeiros objetivos definidos pelos fundadores foram: dinamização da especialidade radiologia em nível estadual e nacional, promoção e desenvolvimento científico e defesa profissional do radiologista de acordo com os princípios do Código de Ética Médica. Para isso, eles fortaleciam o aprimoramento e dinamização das reuniões científicas mensais e dos encontros entre outras especialidades da área.
A partir de 1973, a SPR se transformou em um polo irradiador de conhecimentos, de integração e de difusão e defesa dos interesses da categoria, tanto para aprimoramento científico, quanto como órgão de defesa dos interesses dos profissionais. Isso foi concretizado na 8ª JPR, em que o então presidente Dr. Sidney S. Almeida profissionalizou o evento e iniciou um trabalho de aproximação com as empresas do ramo.
O Jornal da Imagem foi criado em 12 de julho de 1978, sob a presidência do Dr. Sidney, e foi considerado um veículo importante e necessário para o desenvolvimento do mercado.
Nos 25 anos da SPR, já dava para perceber toda a sua importância construída nesse período: a JPR passava a ser considerada um congresso médico, a Sociedade se aproximava de outras instituições, com APM e Sindhosp, a busca pelos direitos dos radiologistas, bateu de frente com a Tabela da AMB, reformulou o Jornal da Imagem, preocupação com o desenvolvimento científico e criação de instrumentos de premiação.
Nova tabela da AMB ainda não estava implementada
O editorial feito pelo Dr. Luiz Karpovas, secretário da AMB, demonstrava a insatisfação por chegar em 1993 ainda sem a implementação da Nova Tabela de Honorários. O objetivo das compradoras de serviços era continuar com ações contra a AMB para, assim, os médicos se sentirem encurralados e desmotivados.
O questionamento era: os Promotores Públicos não enxergam que estão fortalecendo esse mercado e seus interesses e, em contrapartida, prejudicando toda a classe dos médicos? Entretanto, era de se afirmar que os próprios profissionais também tinham uma parcela de culpa, já que muitas entidades ainda não se encontravam com as mesmas propostas e ideais, inclusive pessoais.
“O que se assiste é um desfile de atitudes hipócritas por parte de alguns segmentos ou de algumas pessoas, como se, em última instância, estes mesmos cidadãos não fossem parte desta mesma classe que está atingida […].”
Programa para imagens tridimensionais
A parceria entre o Hospital das Clínicas e a Escola Politécnica, ambos da USP, foi criada para a troca de tecnologias. Isso aconteceu para que o Laboratório de Sistemas Integráveis da Poli pudesse processar imagens radiológicas de ultrassom, tomografia computadorizada, ressonância magnética e medicina nuclear, em um supercomputador, para imagens tridimensionais.
A terceira dimensão ajudaria no planejamento cirúrgico, além de melhorar o estudo das imagens pela quantidade de detalhes.
Além disso, o projeto previa o aprimoramento para a Divisão de Radiologia do HC, com a instalação de terminais de computador por todos os serviços de radiologia dos diversos institutos. Ele também possibilitaria um intercâmbio de imagens entre o Brasil e outros países – o médico receberia, no mesmo terminal, imagens de todos os tipos de aparelhos, de diversas procedências.
Clube Roentgen tem plateia que superou expectativas
O segundo encontro do Clube Roentgen de 1993 trouxe o tema “Radiologia do Linfoma Gastrointestinal”. A plateia, com mais de 150 médicos dos principais centros universitários, serviços e clínicas, superou a expectativa dos organizadores.
A reunião foi comandada pelo Dr. Adilson Prando, e o Dr. Jorge Kavakama, presidente do Clube, destacou o seu nível científico e a boa oportunidade de discussão do tema proposto. Além disso, reforçou que os prêmios oferecidos pelas empresas são um incentivo à participação de médicos e residentes. A Guerbet, inclusive, proporcionou o encerramento do evento com uma tradicional rodada de pizza.
