Em 1994, a SPR, sob o primeiro ano da presidência do Dr. Nestor de Souza Pinto, enfrentou um período marcado por incertezas políticas e econômicas no Brasil, devido às mudanças trazidas pelo Plano Real, às eleições presidenciais e à renovação do Congresso e do Senado. Esse contexto gerou expectativas sobre os rumos do país, mas trouxe também desafios significativos para a área da saúde e para a radiologia.
Apesar das dificuldades, como a luta contínua contra a desvalorização dos profissionais da saúde, a SPR manteve seu foco em fortalecer a educação científica e a qualidade dos serviços na área radiológica. Um dos destaques do ano foi a realização do Curso de Doppler para a área vascular e do Curso Prof. Dr. Feres Secaf, que obtiveram grande adesão e contribuíram para a capacitação de profissionais. Além disso, a Jornada Paulista de Radiologia se consolidou como um dos principais eventos científicos do setor, reafirmando a posição da SPR como referência em ensino e atualização na área.
No âmbito político, a Sociedade enfrentou o desafio de dialogar com o governo e entidades do setor de saúde, especialmente no que diz respeito à valorização da classe médica e à busca por melhores condições para a radiologia no país. Dr. Nestor destacou o impacto positivo do Plano Real na estabilização econômica, mas alertou sobre os obstáculos ainda presentes, como a corrupção e a necessidade de políticas públicas mais eficazes.
O médico avaliou que a SPR conseguiu cumprir seus objetivos e se preparava para novos avanços. Ele destacou que 1995 seria um ano promissor, com perspectivas de fortalecer ainda mais a radiologia, superando as barreiras e promovendo a união e o desenvolvimento da classe médica.
A visão do CBR
Dr. Luiz Karpovas, até então presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), avaliou o impacto do Plano Real, que trouxe alívio temporário à população ao conter a inflação, mas também expôs fragilidades estruturais do sistema de saúde e desafios para a classe médica.
No setor radiológico, os profissionais enfrentaram dificuldades como remuneração inadequada, falta de valorização e um cenário desmotivador. Muitos estavam insatisfeitos com o mercado e buscavam alternativas fora da área ou até do país. Dr. Karpovas destacou que o uso de equipamentos obsoletos e o desinteresse geral eram sintomas de um sistema que exigia renovação urgente. Além disso, apontou a necessidade de combater práticas antiéticas e melhorar a relação entre radiologistas e seus contratantes.
Apesar disso, o Plano Real trouxe uma estabilização econômica que foi bem-vinda. A inflação, que anteriormente corroía os salários e inviabilizava investimentos, começou a ser controlada, gerando uma sensação de alívio na população e expectativas para o futuro. No entanto, Dr. Karpovas alertou que era crucial permanecer vigilante, contribuindo para consolidar um sistema econômico mais estável e justo.
Ele concluiu reafirmando a importância de se manter um compromisso com a ética, a qualidade profissional e a união entre os radiologistas. O CBR encerrou 1994 com esperança de que 1995 traria novas oportunidades para o avanço da radiologia no Brasil, mas reconhecendo que muitos desafios ainda precisavam ser enfrentados.
Otimismo: porém, ações práticas e consistentes
O artigo do Dr. Celso Hiram refletiu as esperanças e desafios do Brasil em um momento de transição histórica, marcado por mudanças políticas e econômicas. Ele abordou a expectativa de que o país estava deixando para trás o status de “terceiro mundo” e avançando rumo ao desenvolvimento, mas reconheceu as desigualdades e injustiças sociais ainda presentes.
Dr. Hiram destacou o potencial do Brasil como uma nação emergente, rica em recursos naturais e industriais, mas ressaltou que o país precisava superar a corrupção, a indiferença e as más gestões que limitavam seu progresso. Ele também abordou as dificuldades enfrentadas pelo setor de saúde, incluindo a necessidade urgente de políticas mais eficientes e éticas.
Com a eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, houve um sentimento de confiança em um futuro mais estável e promissor. Dr. Hiram enfatizou que o sucesso dessa nova fase dependia da capacidade do governo de priorizar o setor de saúde, implementar diagnósticos realistas e fiscalizar efetivamente o uso de recursos.
Ele alertou que os desafios não seriam superados apenas com otimismo, mas sim com ações práticas e consistentes. Apesar das dificuldades, o tom do texto foi de esperança, expressando o desejo de que 1995 fosse um ano de grandes transformações positivas para o Brasil, especialmente na área da saúde.