Túnel do Tempo

Março/93: Clube Roentgen em clima de alto astral

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O primeiro encontro de 1993 contou com uma programação que prometia muito conhecimento e um clima com alto astral, repetindo o sucesso que foi no ano anterior. Presidido na época pelo Dr. Jorge Kavakama e como secretário Dr. Helio K. Yamashita, “Espaço Parafaríngeo” foi o tema de abertura, realizado pelo Dr. Ricardo Pires de Souza.

Trabalhos já eram apresentados e premiados naquele ano; e a vencedora, que fez jus ao Prêmio Microray na ocasião, foi a Dra. Mara Pimentel Moreira, com o caso intitulado “Metástases costais de células lipoides do ovário”. 

O texto final da matéria destacou a próxima palestra que seria realizada no encontro seguinte, em abril, sob o tema “Radiologia do Lipoma Gastrointestinal”, ministrada pelo Dr. Adilson Prando. E também anunciou quais eram os temas até julho daquele ano: “Ultrassonografia em lesões mamárias”, “Histerossalpingografia”, ”US Transvaginal em Obstetrícia” e “US Doppler Abdominal”. 

A luta por remuneração justa da Medicina Nuclear

“Os serviços de Medicina Nuclear no Brasil são em quantidade, no mínimo, 7 vezes inferior àquela que deveríamos ter para nos posicionarmos a nível dos países de primeiro ou, até mesmo, de segundo mundo. Assim, é de muitos anos a luta que a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e Biologia vem se mantendo com o objetivo de evitar que a especialidade fique retida no pequeno espaço que hoje ocupa” – essa foi a afirmação do Dr. José Cláudio Meneghetti, que abriu a reportagem sobre o tema no Jornal da Imagem de março de 1993.

Em sua gestão no SBMNB, no biênio de 91/92, ele conseguiu obter do INAMPS um reajuste que, embora não pudesse ser considerado ideal, permitiu aos serviços de MN trabalharem sem prejuízos e atender os segurados da Previdência Social da época. 

E a luta por melhorias estava além das dificuldades que a SBMNB já encontrava com a INAMPS, no sentido de demonstrar que o custos dos exames de MN eram superior aos custos de outros exames de imagem, a reivindicação também era com a Associação Médica Brasileira, em termos de revisão da tabela de honorários. 

“Outro campo no qual em nossa gestão tivemos de enfrentar intensa luta foi em relação à CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, em que decidiram que a produção de radioisótopos deveria ser privatizada”, disse o Dr. Meneghetti em um trecho da matéria, detalhando toda a luta por melhorias. 

Por fim, ele explica que o apoio de todos da Medicina Nuclear, e também das sociedades e colégios, são essenciais para a busca por melhorias daquela época e de todas que virão. Dr. Meneghetti era diretor do Serviço de MN do Instituto do Coração, considerado naquela época o maior setor na área em toda a América Latina, contando com 5 gama-câmaras instaladas, sendo dois SPECTs. 

Ultrassonografia: pergunta e resposta

Qual a oferta da ultrassonografia com doppler a cores para a caracterização do nódulo mamário? Quais são os cuidados diagnósticos a serem tomados diante do achado de uma massa cística peri-hepática no recém-nato?

Essas foram as duas perguntas feitas na editoria de Atualidades Médicas – Ultrassom na edição há 30 anos para o Dr. Adilson Prando. 

Em relação à primeira pergunta, ele explica que, como um método adjunto da mamografia, o exame ultrassonográfico tinha tradicionalmente sua maior importância na diferenciação de lesão cística-sólida e no método guia para punções biópsias.

A última geração do equipamento naquele ano permitia uma resolução espacial superior e um melhor contraste, oferecendo também doppler duplex e a cores muito mais sensíveis. Na mama, por exemplo, essas propriedades permitiam uma melhora na definição das margens da lesão e de sua matriz, e na definição de absorções diferenciais. Ou seja, um exame que já era muito importante em 1993 e melhorou ainda mais com o passar dos anos! 

Sobre os cuidados diagnósticos a serem tomados nos achados de massas císticas abdominais do recém-nato, Dr. Adilson citou sete usualmente palpáveis: cisto de colédoco, cisto ovariano, cisto de mesentério, cisto de duplicação intestinal, cisto renal, cisto adrenal e cistos hepáticos periféricos. 

Avanços e perspectivas dos aparelhos de ultrassom

A ultrassonografia era o tema do momento e prometia muitos avanços  – os transdutores eram um exemplo. Naquela época, os modernos aparelhos inteligentes tinham a promessa de conter microeletrônico incorporado, em que seriam permitidas a inserção de mais de 200 amplificadores, mais de um milhão de semicondutores e alguns microprocessadores. 

E não parava por aí: os identificadores transdutores começavam a ter 192 elementos, trabalhando em 96 canais por linhas – representando, assim, um modelo virtual de 18 mil elementos de trabalho. E enquanto os transdutores progrediam, eram necessários equipamentos que acompanhassem a evolução dos mesmos. 

A tendência futura descrita na reportagem era a de equipamentos que permitiriam uma ineterpretação tridimensional da rede vascular e mapeamento colorido, permitindo a discriminação dos vasos aferentes e eferentes nas massas tumorais. A previsão se concretizou?

O texto foi assinado pelo Engº Alberto Guzukumura, em uma palestra na Jornada de Ultrassonografia em Tocoginecologia do Hospital das Clínicas.