O Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi) do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) foi destaque na sessão sobre Profissionalismo e Gestão, que aconteceu no último sábado, 04. O módulo contou ainda com as perspectivas e o momento atual da inteligência artificial na radiologia.
A primeira apresentação foi realizada pelo Coordenador da Comissão de Acreditação do PADI, Ruy Moraes Machado Guimarães.“O objetivo principal do Padi é garantir a qualidade e segurança dos serviços de diagnóstico por imagem”, avaliou o profissional.
Para isso, a instituição mantém uma avaliação abrangente do exame de diagnóstico por imagem, desde o agendamento até a entrega do laudo ao paciente. “É o único programa de acreditação do mundo que se preocupa em avaliar a qualidade de imagem do laudo. A comissão é composta essencialmente por radiologistas”, destacou.
Outro diferencial é a auditoria observada, que pode ser utilizada para o diagnóstico ou para o segundo ciclo do Padi. “Ela pode auxiliar as clínicas menos preparadas a se adequarem à próxima auditoria”, afirmou.
Ele ainda explicou que a Padi não tem foco lucrativo, e isso justifica seu baixo custo e o seu processo imparcial, com decisões estabelecidas por uma comissão. Interessados podem ter acesso a norma Padi, protocolos e diretrizes técnicas totalmente gratuitos.
O Cura Grupo foi pioneiro na conquista da acreditação Padi. César Penteado, Diretor Médico da instituição, esteve na JPR para contar a experiência. Entre os ganhos mencionados com a acreditação, ele destacou o melhor controle financeiro, alta governança, diminuição das retificações de laudo e reclamações. “Melhoramos significativamente a organização dos processos; é um investimento que vale a pena”, defendeu.
“Radiologistas que usam IA superarão os que não usam”
A radiologia se destaca como pioneira em tecnologia e inovação em comparação com outras especialidades médicas, sempre priorizando a qualidade e a segurança do paciente. É o que explica o Prof. Giovanni Cerri, Professor Titular de Radiologia da FMUSP e Presidente dos Conselhos do Instituto de Radiologia e de Inovação do HCFMUSP.
Um grande exemplo é a telemedicina. “Quando se regulou a telemedicina, o radiologista já era digital há mais de uma década. Nós já estávamos fazendo telerradiologia no HCFMUSP há mais de 15 anos”, contou.
A jornada se repete com outras tecnologias integradas na prática diária do radiologista. Ele apresenta um interessante dado: no ano passado, 75% dos dispositivos médicos autorizados pela FDA que empregavam inteligência artificial estavam relacionados à radiologia.
Mesmo assim, a inteligência artificial ainda precisa se desenvolver na área: seu maior impacto, atualmente, é na eficiência, e tem um caminho maior para trilhar em aspectos de diagnóstico e segurança do paciente. “A inteligência artificial será incorporada em toda a cadeia da radiologia e da saúde. Desde a questão do pedido do exame até a aquisição de imagens”, refletiu.
Uma aplicação eficaz atual é a capacidade da inteligência artificial generativa em compilar o histórico do paciente e os sintomas. “Os algoritmos podem auxiliar os médicos solicitantes na escolha de exames relevantes. Por exemplo, qual seria o pedido, o exame adequado com o histórico do paciente”, esclareceu.
Apesar do potencial da IA, ele defende que ela não tomará o lugar dos profissionais. “Os radiologistas que não usam inteligência artificial serão substituídos pelos radiologistas que usam inteligência artificial”, finalizou.