JPR 2024
Dra. Natally de Souza Maciel Rocha Horvat. Fotos: Kelly Queiroz

Experiências no exterior

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A busca por experiência internacional é um anseio e curiosidade compartilhados por muitos médicos.

Nessa perspectiva, a JPR 2024 promoveu o módulo “Profissionalismo e Gestão em Saúde – Brasileiros no Exterior”, neste sábado, 04.

 

Desafios e oportunidades para médicos brasileiros em diferentes países

  • Estados Unidos 

Dra. Natally de Souza Maciel Rocha Horvat foi a primeira a compartilhar sua trajetória. Ela participou do Research Fellowship no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos.

Para ela, quem deseja se destacar deve investir na construção de um currículo com elementos valorizados internacionalmente. Isso inclui publicações acadêmicas e revisão de artigos em revistas renomadas, a conquista de prêmios e reconhecimentos na área de atuação.

Ela ressalta que muitas vagas sequer são preenchidas, por isso, estabelecer uma rede de contatos pode auxiliar no processo. Os eventos são uma oportunidade para se conectar com outros profissionais da área e apresentar trabalhos. “Não é deselegante fazer networking em eventos e dizer para os representantes que você deseja participar do programa”, aconselha.

Entre as principais dificuldades de mudança de país, ela menciona a gestão financeira, já que nem todos os programas oferecem salário, mudança de cultura e adaptação sua e da família.

Nos Estados Unidos, a médica ainda relata a prevalência do burnout entre os profissionais, que pode ser impulsionada pela ampla responsabilidade legal e pela diferença cultural. No ambiente de trabalho, a interação social é limitada, e os americanos costumam almoçar na própria mesa enquanto trabalham.

“Mesmo eu me considerando uma pessoa estável emocionalmente, foi muito difícil. O burnout é real, e apesar dos esforços para melhorar a situação, ele ainda persiste”, comenta. 

Dra. Nataly ainda apresentou uma série de opções para atuar profissionalmente em outro país. Para quem deseja retornar para o Brasil, há alternativas como observership, que pode ter custos extras, além de research fellowship e clinical fellowship. Programas para mudanças definitivas são clinical fellow, residência internacional e contato direto com radiologistas do país.

 

  • Canadá
Dr. Pedro Augusto Bezerra de Albuquerque

Já o Dr. Pedro Augusto Bezerra de Albuquerque fez fellowship no Hospital for Sick Children.

Ele é exemplo de um bom networking efetivo, já que conheceu, em um simpósio, o professor internacional que o incentivou a participar do programa.  

Além dos desafios já conhecidos do intercâmbio médico, o profissional comenta que no Canadá é comum o inverno rigoroso, com uma temperatura de -30ºC, que dura cerca de seis meses. Ter fluência em inglês e francês pode ser também desafiador. A língua francesa é muito comum no Quebec, por exemplo.

Apesar dos desafios, Dr. Pedro incentiva a experiência, mas valorizando a medicina brasileira. “Não é porque somos brasileiros que temos que ter a síndrome de vira-lata, e acreditar que somos piores que os profissionais dos outros países”, argumentou. 

A escassez de médicos no Canadá e o crescimento limitado podem gerar oportunidades estrangeiro. Ele apresenta um dado interessante: em 2022, o número de médicos aumentou apenas 2% em comparação com o ano anterior.

A boa atuação no país pode ser recompensada com uma vaga fixa para exercer a Medicina. Para isso, é preciso realizar o Revalida. 

 

  • Oriente Médio 
Dr. Marcelo Bordalo Rodrigues

Dr. Marcelo Bordalo Rodrigues teve sua experiência internacional atuando diretamente no Aspetar, Catar. Ele recebeu um convite especial para atuar com a medicina esportiva durante a última Copa do Mundo. 

Ele defendeu que a região é uma boa oportunidade, mas com ressalvas quanto ao perfil ideal do médico. 

A recomendação é para profissionais experientes com qualificações e treinamentos de subespecialidades concluídos e que estejam dispostos a ter uma ação relevante na instituição de trabalho escolhida e no sistema de saúde do país. “Você vai encontrar aparelhos de ponta, mas medicina, não”, explica.

O profissional também apresentou alguns dos trabalhos realizados, como o Medical services at the FIFA world cup Qatar 2022 e Imaging-detected sports injuries and imaging-guided interventions in athletes during the 2022 FIFA football (soccer) World Cup.