Os desafios e perspectivas para o radiologista devem ser colocados em pauta, mesmo que existam obstáculos com soluções complexas. A conscientização pode ser o primeiro passo para mudanças concretas futuras. Pensando nisso, a JPR promoveu o módulo “Profissionalismo e Gestão: Desafios do Médico Radiologista Enquanto Gestor em Saúde”, realizado na última sexta-feira (03).
Burnout entre radiologistas ameaça a qualidade do atendimento
A radiologia quantitativa pode oferecer diagnósticos e tratamentos mais eficazes; em contrapartida, aumenta a demanda por exames de imagem. Este cenário gera um desequilíbrio entre o número de profissionais e procedimentos.
Essa diferença entre oferta e demanda não é trivial: pode gerar sérias consequências para pacientes e médicos. Para se ter uma ideia, 45% dos radiologistas dos Estados Unidos afirmam estar sobrecarregados e outros 32% afirmaram que o burnout impulsiona erros que não aconteceriam se estivessem bem.
Por isso, é preciso tornar a radiologia cada vez mais eficiente, é o que defende Dr. Marcelo Gálvez, Ex-Presidente da Sociedade Chilena de Radiologia. “É trabalho nosso e de todas as nossas sociedades, fazer clínicas específicas para cada país. Além de participar dos boards – que são às vezes tediosos, toda semana tem que assistir, tem que perguntar e, muitas vezes, preparar os casos”, ressaltou.
Para ele, outras ações passam por comunicação eficaz entre radiologistas e clínicos, com a compreensão completa dos resultados dos exames e tratamentos assertivos, além de utilizar-se do potencial da inteligência artificial.
Médico bom, líder bom?
Ser um bom médico não te capacita para liderar com a mesma excelência. Pelo contrário, agir apenas como médico quando se é líder pode ter consequências prejudiciais para você e toda a equipe que gerencia. Ou seja, é preciso evitar a armadilha de querer ser líder como crescimento na carreira ou apenas para não ter um chefe.
A mentalidade deve ser focada em outros propósitos: “Você precisa pensar que você quer ser um líder para ajudar sua equipe a alcançar melhores objetivos”, alerta Dr. Eduardo Eyheremendy, Presidente da Associação Argentina de Radiologia.
Ele ainda explica que, na realidade, ser um bom líder é resultado de 30% dos fatores inatos, como personalidade e habilidades, e outros 70% com habilidades adquiridas, entre elas experiência profissional, educação, família, entre outras.
Mas vale o alerta para quem deseja liderar. “Não abandone o papel clínico, porque médicos respeitam outros médicos”.
Armadilhas na radiologia e tendências para o futuro
Embora a telerradiologia tenha suas vantagens, como fornecer acesso a comunidades remotas, seu uso indiscriminado representa um risco à segurança do paciente. Mas essa não é a única armadilha que os radiologistas devem estar atentos.
Quanto a telerradiologia, é preciso estar atento a alguns aspectos, como a quantidade de pixels ideais para o monitor e as condições de leitura. Isso é o que defende o Dr. Gabriel Enrique Dib, Médico Radiologista e Ex-Presidente da Associação Colombiana de Radiologia.
Ele ainda aponta que é essencial estudar finanças para independência e comenta que na Colômbia o esquema hospitalar pode ser rígido, e cobrar uma alta produtividade.
Diante de tantos desafios, é preciso se posicionar: “Nós radiologistas precisamos ser protagonistas, nos aproximar dos pacientes e ser parte do Estado. Estamos na base da pirâmide médica”, apontou o especialista, que também é vereador da cidade de Medellín.