Por Lucy Tamborino e Thaís Lopes
A 54ª Jornada Paulista de Radiologia foi palco do 3º Encontro Nacional de Acadêmicos e Ligas de Radiologia, com coordenação dos Drs. Angelo Chelotti Duarte e Ubenicio Silveira Dias Junior. Para a abertura, os Drs. Nelson Caserta, presidente da SPR, Antônio José da Rocha, diretor científico, e Rubens Chojniak, vice-presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, estiveram presentes e prestigiaram o momento.
Com moderação do Dr. Ubenicio, a primeira aula foi ministrada pelo Dr. Angelo, que destacou a dificuldade enfrentada pelos acadêmicos em manter contato com a especialidade após avançarem nos anos da graduação. Para contornar isso, foi proposto um projeto anual visando fortalecer o vínculo entre os membros e preparar o terreno para os projetos futuros.
Durante a apresentação, ele abordou outros desafios encontrados no ensino da radiologia nas universidades, como a falta de professores qualificados, a necessidade de atualização constante de conteúdo e os recursos financeiros limitados. Dr. Angelo ressaltou a importância da integração prática no ensino, a necessidade de regulamentação e compliance, bem como a interdisciplinaridade do campo.
Um ponto crucial destacado foi que um bom radiologista precisa ter uma base sólida em clínica médica: “A radiologia é considerada o novo estetoscópio do médico. Conhecer a radiologia confere autonomia e maior controle sobre o paciente e o processo de diagnóstico”.
Desse modo, foi anunciado o Clube das Ligas SPR, que tem o objetivo de promover reuniões mensais online e aulas com médicos especialistas e generalistas, além de convidar representantes das ligas para participarem ativamente de todos esses processos.
O funcionamento da área da radiologia
A segunda aula foi ministrada pelo Dr. Marcel Koenigkam Santos, que abordou, de maneira geral, toda a área da radiologia. Ele pontuou que as atividades da área envolvem muito mais do que laudar, mas também a gestão de agendas, preparo do exame, protocolos, qualidade das imagens e a importância dos funcionários nesse processo.
Ele ressaltou o papel fundamental da radiologia na adoção de novas tecnologias, incluindo aquelas relacionadas à inteligência artificial. As máquinas modernas foram destacadas por produzirem imagens extremamente detalhadas, contribuindo significativamente para o diagnóstico preciso e eficiente.
Dr. Marcel mostrou o caminho para se tornar um radiologista no Brasil, incluindo a residência médica de acesso direto e o aperfeiçoamento por meio do CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia), seguido da Prova de Título de Especialista CBR/AMB (Associação Médica Brasileira). Outra opção também é o aprimoramento por meio de fellowships.
A terceira palestra foi conduzida pelo Dr. Eduardo Mortani, radiologista brasileiro que atua nos Estados Unidos, que trouxe as experiência da área fora do Brasil. Ele destacou a importância da reflexão sobre os próprios interesses, habilidades e objetivos durante a faculdade, especialmente diante da diversidade de campos de atuação oferecidos pela área.
Ele abordou o crescimento constante do mercado de imagem, com uma taxa de 5 a 7% ao ano, e as oportunidades para disseminação de conhecimento através da publicação de artigos científicos. Além disso, ele destacou que os radiologistas, para serem influentes, devem causar um impacto positivo e promover mudanças significativas.
Dr. Eduardo aproveitou o momento para destacar a escassez de imagem médica avançada em muitos países ao redor do mundo, o que abre grandes possibilidades para a realização de trabalho filantrópico. Essa oportunidade foi ressaltada como uma maneira de fazer a diferença na vida das pessoas e contribuir para a melhoria da saúde global.
A inteligência artificial
A última apresentação foi do Dr. Felipe Kitamura, sobre as perspectivas com a inteligência artificial. Foi enfatizado que, apesar da promessa da IA em revolucionar a radiologia, os especialistas não serão substituídos. Ele ressaltou que as inovações surgem gradualmente e os profissionais devem estar abertos para aprender sobre novas tecnologias.
Ele aproveitou para falar sobre o ChatGPT, que se popularizou muito nos últimos anos. Ele destacou que, embora ele seja capaz de oferecer diagnósticos desafiadores, ainda apresenta limitações e imperfeições.
Uma citação de Heráclito, “Ninguém pode entrar no mesmo rio duas vezes”, foi usada para ilustrar a ideia de que o campo da radiologia está sempre em transformação e os profissionais devem se adaptar e evoluir continuamente.
1ª Batalha das Ligas movimenta JPR 2024
Pela primeira vez, a JPR promoveu a Batalha de Ligas Interativas. A programação foi apresentada pelo Dr. Angelo, no domingo, dia 5.
A batalha contou com uma série de perguntas sobre a área de radiologia, em que cada liga tinha quatro minutos para indicar a resposta escolhida. Depois disso, o especialista informava a alternativa correta e explicava a questão didaticamente. Os estudantes também puderam interagir para esclarecer dúvidas.
A competição foi dividida em três blocos. No primeiro e segundo bloco, todas as equipes participaram. No terceiro bloco, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e o Centro Universitário Católico Auxilium (UniSALESIANO) não seguiram, devido à menor pontuação no bloco anterior.
Numa disputa acirrada, a classificação foi a seguinte:
- Grupo com três ligas (Liga LAR da Uniarp, LIPM da FMABC, e LADI da Universidade Nove de Julho): 17 respostas corretas;
- LARDI do Centro Universitário Barão de Maúa: 16 respostas corretas;
- LIMSA da Universidade Santo Amaro: 16 respostas corretas;
- LARADI da FMRP-USP: 11 acertos
- LARDI da UniSalesiano: 8 acertos;
A iniciativa teve como objetivo impulsionar a participação ativa dos estudantes. “Queríamos dar voz e cinco minutos de fama para eles. Isso é bem marcante na época da faculdade – você quer se destacar de alguma forma”, explicou Dr. Angelo.
Os casos clínicos foram cuidadosamente escolhidos para as questões, com as principais alterações no mundo radiológico. “Tentamos integrar ao máximo com a clínica, destacando a importância dela. Nunca devemos avaliar a imagem isoladamente, sempre considerando o contexto clínico e o paciente”, completou o profissional.
Confira o depoimento do Dr. Angelo e de participantes: