JPR 2024
Fotos: Gabriela Gonçalves

IA como ferramenta também para engenharias clínicas

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Dentro do módulo de engenharia clínica, o tópico de inteligência artificial, ChatGPT, telemedicina e Lot foi incluído para que o engenheiro perceba que ter o conhecimento sobre áreas que são da tecnologia da informação e da inovação ajuda a ter uma visão mais ampla, e também estar conectado com o futuro da engenharia clínica dentro da instituição onde atua.

O moderador, José Ricardo Silveira Pereira, gerente de engenharia clínica da BP de São Paulo, abriu a sessão citando o professor e cientista Silvio Meira: “Estamos na era da pedra lascada da AI, o futuro chega em 800 dias”, mas fazendo questão de ressaltar que a frase foi dita 50 dias atrás, ou seja, estamos “contando” o tempo, que vai passar muito rápido.

A diretora de tecnologia e inovação da BP de São Paulo, Lílian Quintal Hoffmann começou sua fala dizendo que “se alguém disser que sabe muito, sabe pouco, porque tudo está mudando muito”.

Para Lílian, falar em uma sessão de engenharia clínica significa despertar aqueles que ainda não estão curiosos com a inteligência artificial. E também para quem acha que vai resolver tudo, dar uma noção da realidade.

O público interagiu com os professores

“O futuro não é mais como antigamente” foi a frase escolhida pela professora para dizer que a IA é mais que ferramenta; ela empodera o ser humano e, se for o caso, o substitui. No segmento de saúde, não se pode perder de vista que a IA tem que entregar uma saúde inteligente. “Antecipar e realizar intervenções à medida que se desenrolam, sem restrições de tempo ou localização”, complementou.

“A gente consome IA embarcada em um equipamento sem pensar no impacto para o negócio. E nessa situação você tem que responder qual a ‘dor’ você está resolvendo”, comentou Lílian.

Colocar a inteligência artificial, seja embarcada em equipamentos ou em soluções tem que ser no momento necessário, pois caso contrário, só encarece a saúde. Diagnóstico e IA têm que ser monitorados em tempo real. “IA só tem valor se estiver incorporada em atividades para melhorar a geração e disponibilidade de insights, personalização e empatia, ao mesmo tempo que alivia a carga de trabalho administrativa ou clínica”, demonstrou. “A IA é sobre ser melhor e mais fácil. O olhar precisa ser de produtividade.”

Lilian Quintal Hoffmann

A diretora indicou cursos da Coursera, uma plataforma com vários conteúdos de IA, para quem quer iniciar conhecendo mais sobre e também para se manter informado, pois não é um conhecimento que o engenheiro clínico poderá passar por cima. “A IA vai tomar decisões e, para algumas coisas, tomará decisões melhor que os humanos e, sempre que for melhor, precisamos substituir gente por IA”, comentou.

 

“O maior perigo da IA é as pessoas acharem que a compreendem”

Mas o que muda na saúde? Por enquanto, muda o diagnóstico por imagem, empodera o plantonista na decisão de pedir mais exames, tomando decisões seguras, diminui o burnout, engaja o paciente, ajuda a não precisar da mesma semântica em equipamentos diferentes, cria, diminui custos – para Lílian, essas são as mudanças que já dependem das ferramentas. Segundo ela, mais de 80% das instituições de saúde querem implementar IA generativa e machine learning: “Todos acreditam que vai ‘virar o jogo’”, pontuou.

Para a diretora, a aquisição de novidades baseadas em inteligência artificial deve estar alinhada com os objetivos da empresa: “Se ela busca eficiência, tem tempo pra tudo; se busca diferenciação, precisa correr porque todos os players terão a mesma coisa”, afirmou. Buscar o seu próprio papel profissional e o interesse coletivo também importa.

E então, como eu me preparo? Segundo Lílian, conhecer e diferenciar já é um ponto positivo. O profissional tem que aprender, testar, trocar, buscar as IAs embarcadas, não inventar a roda e se reinventar.

O Brasil já tem estratégia de IA, apesar de não haver uma lei aprovada ainda, mas sim um projeto de lei em fase final. “De longe, o maior perigo da IA é as pessoas acharem que a compreendem”, encerrou Lílian.

Para o gerente de dados e analytics da BP, Raphael Bernardo Marques Reis, os chatbots já estão no nosso dia a dia, com diversas aplicações sempre para otimizar o trabalho. O executivo cita que é preciso avaliar e dar um nível de autonomia a estes chatbots de forma segura e planejada para evitar riscos para a instituição.

“Só mais uma ferramenta: não podemos superestimar e nem subestimar seu uso”, introduziu na sua aula o Dr. Bruno Aragão Rocha, coordenador de inovação do Grupo Fleury, que explicou que o deep learning revolucionou o diagnóstico.

Para o médico, a solução são as várias tecnologias combinadas e, ao demonstrar o panorama de uso, destacou que 76% dos aplicativos médicos aprovados pelo FDA são para radiologia. Dentre esses, a mamografia é a área mais madura no uso das soluções.

“É importante ressaltar que não tem ferramenta ruim ou boa; temos é ferramenta que faz ou não sentido. Também precisamos dizer que ter registro na Anvisa não significa que a ferramenta é boa”, avisa o médico, destacando que muitas vezes não faz sentido ter um produto cuja comparação com o radiologista, sozinho, mostra que ele lauda mais rápido. O que faz sentido é algo que poupe o tempo do radiologista ou, ainda, possa ser usado num ambiente de pronto-atendimento, onde os médicos não são especializados.

Com relação à legislação que vem por aí, o médico apenas ressaltou a tendência a ser muito restritiva. “O que tem que ser regulado é o uso e não a ferramenta”, aponta.