A radiologia é a especialidade da medicina líder no uso de Inteligência Artificial (IA), o que pode ser uma boa oportunidade profissional. Dr. Leo Max Feuerschuette Neto vem trilhando essa trajetória. Com um Fellow em Inovação em Radiologia, o médico catarinense também é consultor de inovação e membro do laboratório de Inteligência Artificial da DASA.
Na JPR 2024, Dr. Leo inspirou a plateia a mergulhar no tema e a pensar em novos rumos: “A nossa atividade já é digital por natureza, então falar de inovação é mais natural para nós, estamos acostumados a lidar com softwares e programas, mais do que outras especialidades. Hoje estamos vivendo um crescimento muito importante nessa área da medicina e, por isso, seguir esse caminho acaba sendo uma ótima opção”.
A radiologia lidera com folga as aprovações de ferramentas de Inteligência Artificial aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration): 76% são dessa área. E no Brasil não é diferente: “Até poucos anos atrás, era difícil até encontrar cursos com esse tema, mas agora é interessante ver que nosso país está posicionado na vanguarda com relação ao resto do mundo”.
O especialista ainda trouxe o conceito de profissional “T-shaped”, aquele que não limita sua carreira a uma única área do conhecimento. Como exemplos de posições que o radiologista pode ocupar ele citou cientista de dados, especialista em IA, consultor e gestor de inovação e advisor de startup.
Realidade Aumentada na Radiologia
Conhecer o conceito de Realidade Aumentada e trazê-lo para a prática da medicina pode ser uma forma de melhorar a experiência do paciente como um todo, em especial durante exames difíceis para boa parte das pessoas, como a ressonância magnética.
O médico dos grupos de Radiologia Cardiotorácica e de Pesquisa e Inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Gustavo Teles, explicou de que forma a tecnologia pode ajudar, especialmente em casos de transtorno claustrofóbico: “Ao simular a experiência na máquina de ressonância magnética, um aplicativo de celular pode oferecer uma vivência imersiva, ajudando a reduzir a ansiedade do paciente e, consequentemente, o número de cancelamentos de exames”. Da mesma forma, essa tecnologia pode ser usada para facilitar a coleta de sangue de crianças, por exemplo, para distraí-las ao tirar o foco da situação.
A mesma ferramenta já é utilizada no ensino, para treinar estudantes a fazerem biópsias. “Recentemente usamos peito de peru com azeitonas, simulando lesões nas mamas”, contou Teles, que mostrou por meio de fotos os alunos aprendendo usando óculos especiais.
Empreender é preciso?
Começar o próprio negócio não costuma ser a primeira opção dos profissionais de radiologia. E nem sempre é o perfil de cada um. Dr. Bruno Aragão Rocha, radiologista do grupo de Imagem Abdominal e coordenador médico de Inovação do Grupo Fleury, levantou questões importantes para quem ainda segue na dúvida: “É importante se perguntar se você quer de fato empreender, se tem o DNA ou se você talvez está apenas insatisfeito com a radiologia assistencial. É uma jornada de autoconhecimento, mas nem todos têm isso na veia”.
Para quem deseja seguir por esse caminho, o especialista aconselha perder o medo e começar logo, pensando que nunca é tarde para isso. Investir em networking e no aprendizado através de hubs de inovação também é importante, assim como apostar em parcerias com profissionais de outras áreas, que não a medicina.
O papel da presença nas mídias sociais
“Você acredita de verdade que vai ter algum benefício em divulgar seu trabalho na Internet? Você realmente precisa estar na rede social?”
Foi com esses questionamentos que o Dr. Robertson Bernardo, Diretor de Comunicação do CBR, provocou a plateia. Ele lembrou que, apesar de ser uma necessidade para muitos profissionais, a presença na Internet requer muito cuidado, sobretudo para a classe médica: “O nome é o patrimônio que vocês têm como médicos e uma reputação demora uma vida para construir e uma fração de segundo para destruir”.
O radiologista é especialista em detectar o que ele chamou de “picaretagem”, como anúncios de “emagrecer dormindo”, de “antes e depois” de cirurgias e invenções de especialidades como “hormonologia”: “As pessoas perdem a noção pela carência por curtidas”.
Ele lembrou que a comunidade médica tem obrigação de denunciar e combater fraudes e que o CRM tem normas de conduta que precisam ser respeitadas. Na dúvida, a melhor opção é sempre consultar as resoluções do Conselho.