Túnel do Tempo

Janeiro/93: visão exterior do Brasil

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Dr. Luiz Karpovas usou seu espaço no Editorial para fazer uma reflexão pós-RSNA. A última edição contou com mais de 120 profissionais brasileiros, fora acompanhantes e empresários do setor. Além de toda a programação científica, a Exposição Comercial, ao mesmo tempo em que brilhava os olhos, também angustiava.

Devido à crise econômica no Brasil, era difícil acompanhar o desenvolvimento tecnológico em países de primeiro mundo. Outro ponto levantado pelo médico foi a falta de crédito, que causava dificuldade na aquisição de novos equipamentos – fato esse, sem grandes explicações. Por que os equipamentos eram muito mais caros para brasileiros do que para norte-americanos?

Apesar de a nossa medicina estar com bom avanço e reconhecida internacionalmente, as empresas multinacionais mantinham esse “tratamento especial” com os médicos brasileiros. Já não era hora desse cenário mudar?

JI passava por reformulação e apresentava nova sessão

O ano de 1992 marcou uma reestruturação no Jornal da Imagem, que sofreu ajustes para se tornar mais eclético e trazer as novidades da Radiologia. Para começar 1993 com o pé direito, a diretoria da SPR abriu espaço para sugestões, críticas e colaborações dos leitores.

Para que o jornal cumprisse prazos e começasse a circular no primeiro dia de cada mês, os fechamentos ficaram mais rigorosos e os materiais deveriam ser entregues até o dia 15 do mês anterior.

Além disso, foi informado que, em março, o periódico receberia uma nova coluna intitulada “Como eu faço”, em que os participantes poderiam enviar questões sobre assuntos médicos e o JI devolveria com as respostas de um especialista. 

Naquela época, o jornal seguia os padrões convencionais de impressão e tipo de papel. Portanto, foi reiterada a possibilidade de pequenos erros ou falhas. 

Câncer de mama: semelhanças entre Itália e Brasil

O 10º Curso de Diagnóstico por Imagem do CEURP recebeu o médico Dr. Sergio Orefice, do Instituto Nazionale per lo Studio e la Cura dei Tumori, na Itália. Uma das suas discussões foi sobre a detecção do câncer de mama e a falta de recursos para tal, tanto na Itália, quanto no Brasil.

Uma das melhores maneiras para a paciente procurar o médico era a educação sobre o auto teste com as mãos, apalpando os seios em busca de nódulos. O ideal seria a realização de exames mais certeiros, porém, corresponderia a 50 milhões somente no Brasil – uma quantidade impossível.

Mesmo sendo uma das técnicas mais eficazes naquela época, as mulheres só procuravam o profissional em caso de nódulos maiores, reentrâncias ou algum líquido, sendo que a educação correta seria para qualquer anormalidade, por menos que fosse: “Quando estamos discutindo em congressos e palestras, falamos de cristalizações de um ou dois milímetros. Na vida real, as pessoas nos procuram com nódulos de vários centímetros”, afirmou o médico.

Para diminuir o número de casos, entidades estavam realizando campanhas de esclarecimento de forma não oficial, como a Sociedade Italiana de Radiologia e a Liga Italiana pela Luta contra os Tumores. Eles convidavam as mulheres a fazerem os exames e voluntários encaminhavam pacientes aos ambulatórios e ajudavam nos esclarecimentos.

A fiscalização dos equipamentos também não era oficial – ela dependia da consciência do radiologista, que deveria levá-lo até uma oficina, como se fosse um automóvel. Um Programa de Qualificação em Mamografia, como o CBR desenvolvia na época para o Brasil, deveria acontecer na Itália, mas ainda estava longe disso.

Exames de imagem na Psiquiatria

Dr. Gordon Pots, ex-chefe do Departamento de Radiologia da Universidade de Toronto, no Canadá, afirmou que a técnica de Tomografia Computadorizada por emissão de pósitrons, sistema que se utiliza de elementos que normalmente estão presentes em constituintes naturais, possibilita entender as áreas do cérebro que comandam determinadas ações.

Dois exemplos citados por ele foram o ato de morder um dedo e a incidência de luz sobre os olhos. Mesmo que os efeitos sejam sutis, através dessa técnica de TC, é possível analisar qual parte do cérebro está sendo sensibilizada. Para a Psiquiatria, por mostrar alterações detalhadas, será um dos métodos mais importantes da área. Na época, ela ainda era muito cara e era utilizada somente para estudo do cérebro de pessoas sem possíveis doenças psiquiátricas.

Com esse tipo de Tomografia Computadorizada, os estudos com cortes e cirurgias cerebrais seriam substituídos e seria mais fácil de aprofundar os estudos em algumas doenças, como as maníaco-depressivas, esquizofrenia, doença de Alzheimer, entre outras. 

Para que esses estudos fossem completos, o Dr. Gordon ressaltou a importância da irrigação sanguínea e dos meios de contraste mais modernos que evitam possíveis complicações. Portanto, a Ressonância Magnética também era fundamental para estudar a função e a fisiologia do cérebro, feito pela espectroscopia por RM.

Durante a passagem do Dr. Gordon pelo Congresso Interamericano de Radiologia, realizado no final de 1992, ressaltou que, naquela época, já era possível identificar praticamente todas as lesões sofridas pelo cérebro – o desafio agora era detectar a natureza delas evitando intervenção cirúrgica com biópsia e identificar o que não aparecia nos métodos já existentes. Uma das propostas do médico era focar no diagnóstico precoce.

Dr. Gordon reforça a importância da Tomografia Computadorizada e da Ressonância Magnética na psiquiatria, mas que não devem atuar isoladamente – a história do paciente é necessária. Além disso, ele ressalta que a presença de um radiologista, neurorradiologista, bioquímico, fisiologista e físico é fundamental em técnicas tão avançadas.

Todos os meses, confira o novo Túnel do Tempo, que, em 2023, relembrará as matérias do Jornal da Imagem de 1993!