JPR 2023

Voluntariado e o futuro da radiologia marcaram o programa da RSNA

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Fotos: Carol Cassiano

Veja as fotos da JPR 2023:

 

Na sexta-feira, 28 de abril, o programa da RSNA “Construindo Conexões nas Américas: Abordando o Acesso à Radiologia” deu continuidade ao seu programa científico, com o primeiro horário marcado por apresentações de empresas. O objetivo foi mostrar e divulgar a parceria entre as indústrias e associações, como ONGs e hospitais, para levar assistência médica a regiões mais isoladas.

Dr. César Nomura, moderador da sessão, enxergou este momento como uma semente prestes a germinar, para que discussões menos técnicas, e mais humanas, ganhem cada vez mais espaço: “Estamos fazendo com que as pessoas pensem um pouco fora da caixa e olhem para outras coisas, inclusive, para aumentar a questão de equidade e do que podemos fazer para melhorar o acesso à radiologia nas diferentes regiões da América Latina. A partir dos aprendizados de cada país, podemos tentar ter um grupo de colaboração aqui na SPR para perpetuarmos esse conhecimento”.

A Canon levou o Prof. Adm. Eduardo Davigo para falar sobre o projeto Made for Life Weekend. Com o Instituto Dharma, ele realizou mais de 1.200 exames nas comunidades da Amazônia, Chapada Diamantina e sertão do Piauí e do Ceará. Nessa iniciativa, os colaboradores são motivados a se tornarem voluntários e a participarem das viagens, que já levaram projetos de implementação de DIU, atendimento ginecológico e a carreta com tomografia computadorizada.

O Adm. Paulo Pontes, representante da Siemens Healthineers, apresentou o uso do OpenCare 5G para alavancar a equidade e o acesso à saúde no Brasil. Através de uma rede privativa, determinada empresa, exemplificada com o HCFMUSP, pode utilizar o espectro sem depender de uma operadora de comunicação: “Hoje, os principais usos estão no ultrassom portátil para atendimento remoto, que não precisa nem de energia elétrica, e nos equipamentos de ressonância magnética e tomografia, também remotos”, pontua.

A Samsung Care foi representada pelo Eng. Walter Gaston Brandstetter Junior e pela Adm. Taryna Cristina Navarro Ferreira, que trouxeram os projetos de voluntariado da empresa. Com o Solve for Tomorrow, Samsung Innovation Campus e EVP Program, eles criaram uma rede de assistência para diferentes finalidades, como escolas públicas, capacitação de jovens e encorajamento para se tornar voluntário.

Nos últimos anos, mais de 2 mil pessoas participaram dos programas, em parceria com mais de 30 ONGs envolvidas: “O tempo é uma das coisas mais importantes que temos, e gastar com quem precisa, é gratificante. Nós viramos uma família, e é possível perceber que a importância é a mesma, tanto para eles, quanto para você”, finaliza Taryna.

A Adv. Patricia Frossard Piteri, da Philips, apresentou o Projeto SAS, considerado uma startup social para levar saúde para as áreas remotas de algumas regiões do Brasil. Iniciado em 2021 – e em pleno crescimento –, 60 mil pessoas já foram beneficiadas, através de mais de 50 mil atendimentos. Atualmente, os serviços mais utilizados são as quatro unidades móveis de telessaúde para acesso à medicina especializada, e o ultrassom portátil recarregável à luz solar.

Para Widson Motta, da Sanclin Imagem e Diagnósticos Santarém, do Pará, visualizar gestão, tecnologia e inovação com o voluntariado é essencial para pensar os próximos passos da empresa: “Existem muitos caminhos que estão sendo construídos, e isso é uma coisa que nós da área da medicina e tecnologia precisamos buscar e nos empenhar no propósito de ajudar as questões mais prioritárias do Brasil, que é a saúde para a população que não tem acesso fácil”.

 

Pontos estratégicos para o radiologista

Dra. Jinel Scott durante sua apresentação

O período da tarde trouxe professores nacionais e estrangeiros para debaterem sobre temas estratégicos que podem e devem ser utilizados pelos radiologistas. A Dr. Jinel Scott, dos Estados Unidos, trouxe a equidade e a inclusão como pontos importantes para melhorar a comunicação e o envolvimento dos funcionários.

Os líderes precisam entender o que os profissionais esperam da empresa, e tratar da diversidade (raça, gênero, idade, orientação sexual, personalidade e religião, por exemplo) é um fator essencial para que o ambiente de trabalho se torne harmonioso. É preciso também compreender a diferença entre equidade e igualdade, e trabalhar com a primeira, pois trata-se de oferecer condições favoráveis a cada um, respeitando suas particularidades.

“Quando sua capacidade profissional não é reconhecida por conta das suas diferenças, você vai querer trabalhar em outro lugar. Só ficam aqueles que são respeitados, validados e que enxergam oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal”, conclui Dr. Jinel.

Dr. Marcos Queiroz puxa o gancho para a pergunta “o que o radiologista espera do ambiente de trabalho?” – as respostas são objetivas. O profissional espera reconhecimento pelos pacientes e pelos médicos, de forma que tenha um papel efetivo na tomada de decisões, valores organizacionais, oportunidades de carreira, valores tácitos e explícitos, e diretrizes claras. Para isso, é importante que a liderança dê o exemplo e estabeleça uma relação de confiança.

“Os valores da organização precisam estar de acordo com os valores do profissional. O engajamento é um processo cognitivo, e não emocional, então assumir as responsabilidades é essencial para que a equipe o tenha como referência”, finaliza Dr. Marcos.

O Dr. Guillermo Elizondo Riojas, do México, apresentou quais as características que um professor de radiologia deve ter, desde a evolução da educação radiológica, até a automação pelas novas tecnologias. O ensinamento colaborativo, aprendizagem personalizada e educação continuada são os três pilares fundamentais para estabelecer um bom diálogo, para que as experiências estejam integradas às necessidades individuais. Além disso, a integração com a inteligência artificial precisa fazer parte do planejamento, com bons treinamentos e simulações para aperfeiçoar as habilidades.

Pensando no futuro da profissão, o Dr. John Scheel, dos Estados Unidos, trouxe uma linha do tempo da radiologia, em que, antigamente, os profissionais estavam expostos a químicos tóxicos, e hoje precisam se adequar às novas tecnologias. Entre as novidades, estão a inteligência artificial, a radiômica e a telerradiologia. Para que tudo isso melhore a experiência do paciente, é preciso ter em mente que eles agem com emoção, ou seja, a empatia e a percepção são essenciais para um bom relacionamento.

Além disso, a educação dos residentes precisa ser pautada para que mude e se volte aos cuidados primários, que estão em falta – as plataformas de IA podem ser aliadas neste processo. A sustentabilidade também deve se relacionar com o futuro da radiologia, já que as mudanças climáticas atingem diferentes populações de formas diferentes: “Precisamos de um call to action para pensar nos próximos anos, desde diminuir o brilho no monitor, até reduzir viagens e ampliar o número de pesquisas”, termina Dr. John.